Sobre a vocação religiosa 

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A vocação religiosa na Igreja Católica representa um chamado especial de Deus para os que desejam dedicar suas vidas ao serviço divino, à oração, à caridade e à vida em uma comunidade religiosa. Ao longo dos séculos, a Santa Mãe Igreja nos presenteou com inúmeros santos cujas vidas são exemplos vivos da entrega total a Deus e ao próximo. 

A vocação religiosa é mais do que uma vontade pessoal ou uma escolha de estilo de vida, é um convite de Deus, um chamado íntimo no coração do fiel que ao atender o chamado, consagra sua vida ao serviço do Reino dos Céus. Um chamado que quando livremente atendido se traduz em uma vida de busca pela íntima união com Cristo e se concretiza em votos e regras que variam de acordo com a ordem religiosa a qual o fiel se consagra, dentre os votos mais comuns estão o voto de pobreza, de castidade e de obediência. 

O Papa Francisco destacou a relevância da vida religiosa na Igreja, afirmando que,

“a vida consagrada é uma forma especial de partilha do carisma em todos os seus elementos essenciais”

Papa Francisco

mas o santo padre não está sozinho nessa atenção a vida consagrada, isso porque muitos santos nos mais de dois mil anos de história da Santa Mãe Igreja alcançaram a santidade e a glória dos altares vivendo a sua vocação religiosa.

São Bento de Núrsia (480-547) por exemplo, o famoso São Bento, é considerado um dos grandes pilares da espiritualidade ocidental. Fundador da Ordem Beneditina, ele defendia uma vida de equilíbrio entre o trabalho, a oração e o estudo. Sua regra monástica influenciou a formação de inúmeras comunidades religiosas. Suas famosas palavras, “Ora et labora” (Reza e trabalha), destacando a importância de unir a vida contemplativa com o serviço ao próximo.

São Francisco de Assis (1181/1182-1226), que dispensa apresentações para os ocidentais, é um modelo de desapego material e amor pela natureza. Fundador da Ordem Franciscana, ele abraçou a pobreza e pregou a mensagem do Evangelho com palavras e ações. Sua famosa frase ecoa até hoje, 

“pregue o Evangelho em todo o tempo. Se necessário, use palavras”.

São Francisco de Assis

E foi buscando pregar o evangelho com a própria vida que a grande discipula de São Francisco, Santa Clara de Assis (1193-1253) fundou a Ordem das Clarissas, uma congregação religiosa feminina que seguia os ideais de simplicidade e pobreza do seu mestre. Ela afirmava, 

“felizes os que amam e perdoam ao próximo tanto nas dores e necessidades como nas ofensas e injúrias”.

Santa Clara de Assis

Com exemplos como esses fica claro que viver a vocação religiosa é buscar intimidade com Jesus Cristo, trilhando um caminho que almeja a perfeição da santidade de Deus, e é para nos ajudar nisso que Deus nos presentou com Santa Teresa de Ávila (1515-1582), popularmente conhecida como Santa Teresa, Doutora da Igreja e reformadora do Carmelo, foi ela quem escreveu sobre a importância da vida religiosa e nos deu um verdadeiro manual de vida em sua obra “O Caminho da Perfeição”. Em seus ensinamentos ela nos diz que 

“a vida religiosa é uma vocação nobre e sublime, um chamado divino que exige coragem, perseverança e amor a Deus acima de tudo”.

Santa Teresa de Ávila

Como é possível perceber por esses santos exemplos, a vida religiosa não é um simples modo de viver a vida, aqueles que abraçam o chamado a vida religiosa desempenham um papel fundamental na Igreja, pois a vocação religiosa é considerada uma fonte de renovação e testemunho do amor de Deus. O Papa Bento XVI, ao falar sobre a vida consagrada já amorosamente apontou que, 

“a vida consagrada é chamada a manifestar a alegria de quem encontrou o tesouro escondido, o tesouro que dá sentido pleno à vida”.

Papa Bento XVI

Talvez você que está lendo esse texto, pode estar pensando que a vida religiosa não é para você, ou que essa seja uma realidade do passado pois os dias atuais não combinam com essa vida. Se esse for o caso, eu lhe proponho um desafio vocacional, não se preocupe, não vou pedir que você saia procurando uma ordem religiosa ou uma comunidade católica para visitar, vou pedir algo mais simples, que você pode fazer onde você estiver. Reze pelas vocações religiosas, comece hoje a rezar por elas e só pare no Natal, não precisa ser muito, uma Ave Maria todos os dias pelas vocações religiosas já é uma boa iniciativa. 

Quando chegar no Natal, pode ser que você pense que nada mudou em sua vida, mas o desejo de buscar e viver o amor incondicional do menino Jesus, já vai ter brotado no coração de algum vocacionado a vida religiosa e mesmo que você não saiba nessa vida quem foi, terá com certeza um amigo religioso rezando pela sua salvação em algum lugar. E nesses pequenos atos de amor, como rezar um pelo outro, independente de quem seja o outro, poderemos todos nos encontrar no Reino dos Céus um dia. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.