Teologia do Corpo - São João Paulo II

A RESTAURAÇÃO DA SANTIDADE 

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O casal que se compromete a viver seu matrimônio dentro da visão apresentada por São Paulo – bem entendida – aos poucos vai – se dando conta de que a graça do sacramento que os uniu (junto com a dos demais sacramentos) está recalibrando seus “pneus”. Noutras palavras, experimentam seu amor ao outro como algo que, de modo admirável, cura e liberta. O amor conjugal não só participa no mistério da criação, senão que participa também no mistério da redenção. Como diz o Papa, o autêntico amor conjugal “é amor que redime, amor que salva” (18.08.1982). 

Ainda aqui na terra, a graça do amor esponsal de Cristo começa a restaurar em nós algo da santidade experimentada pelo primeiro casal. “Cristo amou a Igreja e por ela se entregou ( … ) para santificá-la” (Ef 5, 25-27). A santidade, porém, como todos sabemos, não é algo automático. Em todas as nossas tentativas e batalhas, precisamos abrir-nos continuamente, qual esposa, para acolher o dom do amor de Cristo e permitir-lhe que nos informe e transforme. Como escreve João Paulo II, “a santidade mede-se de acordo com o ‘grande mistério’ no qual a Esposa responde com o dom do amor ao dom do Esposo” (MD, nº 27). 

Santidade, portanto, não é, em primeiro lugar, questão de fazer, mas de deixar que se faça em nós (cf. Lc 1,38). Devemos permitir que Cristo “crucifique” todos os meios desordenados de nosso relacionamento. Devemos permitir-lhe que nos santifique (torne santos) “pelo banho da água com a palavra” (Ef 5,26). Os estudiosos da Bíblia veem nisto uma referência ao batismo. No entanto, ao tempo de São Paulo, era costume a noiva tomar um banho de purificação antes do casamento e em preparação a ele. Por isto o Catecismo descreve o batismo como “o banho das núpcias que precede o banquete nupcial, a Eucaristia” (CIC n. 1617). São Paulo também alude ao presente nupcial da Eucaristia quando fala no “alimento” que Cristo oferece à sua Esposa (cf. Ef 5,29). 

Mas não é apenas luz que o matrimônio lança sobre o batismo e a Eucaristia. Em certo sentido, segundo o Papa, o matrimônio serve de modelo ou protótipo a todos os sacramentos da nova aliança (cf. 20.10.1982). Todos eles têm uma característica “nupcial”, visto que sua finalidade é unir a Esposa (Igreja) com o Esposo (Cristo). Através desta grande analogia, a união dos esposos torna-se, talvez, o meio mais compreensivo para entendermos o próprio cristianismo. “Toda a vida cristã traz a marca do amor esponsal de Cristo e da Igreja” (CIC, n° 1617). 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.