A ligação que São Paulo estabelece entre a união “numa só carne” e a união de Cristo com a Igreja representa “o ponto mais importante de todo o texto e, num certo sentido, sua pedra fundamental” (08.09.1982). Ambas as uniões, “a de Cristo com a Igreja, e a conjugal, do homem com a mulher no casamento, são desta forma iluminadas por uma luz sobrenatural muito particular” (25.08.1982).
Guiado por essa luz sobrenatural, São Paulo revela uma aguda compreensão da “sacramentalidade” do corpo. Recorde o mais amplo sentido desse termo. O corpo é um “sacramento” porque torna visível o invisível. Com base em Efésios 5, o Papa volta a lembrar sua tese: “O corpo, na realidade, e somente ele, pode tornar visível o invisível: o espiritual e o divino. Ele foi criado com o fim de transferir para a realidade visível do mundo o mistério escondido em Deus desde toda a eternidade e tornar-se assim o seu sinal” (06.10.1982).
Lembre o que se quer dizer com “o mistério escondido em Deus desde toda a eternidade”: (1) Deus é uma comunhão de amor, e (2) nós somos destinados a participar desse intercâmbio, através da nossa união com Cristo. Segundo o Papa, o “sacramento consiste na ‘manifestação’ desse mistério, através de um sinal capaz de não somente proclamá-lo, senão também de realizá-lo no homem” (08.09.1982). Os sinais sacramentais, efetivamente, realizam o que significam. São Paulo menciona dois deles – um da ordem da criação e outro da ordem da redenção – que verdadeiramente comunicam o mistério do amor de Deus.
Na criação – lembra o Papa -, o mistério do amor de Deus “se fez uma realidade visível através da união do primeiro homem com a primeira mulher” (cf. Gn 2, 24). Na redenção, aquele mesmo mistério do amor divino torna-se “uma realidade visível (através) da união indissolúvel de Cristo com a Igreja, união esta que o autor da Carta aos Efésios apresenta como a união nupcial dos esposos” (13.10.1982). Quanto a estes sinais, essas duas uniões nos “servem de referência à obra total da criação e da redenção” (13.10.1982). Esta é a grandiosa abrangência dos sinais sacramentais. Além de misteriosamente “conterem” a realidade última, nos põem em contato com ela. Conforme o Papa, eles “abraçam o universo”.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.




