Quem Eram os Reis Magos e de Onde Vieram?

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Os caminhos dos sábios, Gaspar, Baltazar e Melchior, permanecem envoltos em um véu de mistério, personagens de relevância ímpar na fé cristã, embora suas origens permaneçam entrelaçadas à penumbra do desconhecido.

A passagem bíblica única sobre essas figuras, encontrada em Mateus (Mt 2,1-12), sussurra sua proveniência do Oriente, sem alardear seus nomes ou a exata localidade de onde emergiram. Alguns relatos da tradição os nomeiam Gaspar, rei de Társis e da ilha Egriseula; Baltazar, rei de Godolias e de Sabá; e Belchior ou Melchior, rei da Núbia, conforme crônicas e a tradição da Santa Mãe Igreja. Segundo o venerável Beda, doutor da Igreja, os magos partiram da Babilônia, Pérsia e Arábia, contudo, discernir a proveniência precisa de cada um permanece um desafio.

A despeito de informações parcas, sua relevância é inegável para a cultura cristã, celebrados na data de 6 de janeiro, rememorando sua visita ao Menino Jesus. No Brasil, os festejos, conhecidos como Folias de Reis, ecoam nos rincões de muitas localidades brasileiras. Músicos e foliões trajados a rigor visitam residências, compartilhando alegria e entoando preces para o início do novo ano.

Liturgicamente, os Reis Magos encontram seu lugar na Festa da Epifania do Senhor, um evento que se alçou ao cenário no início do século IV no Egito, difundindo-se gradativamente para outros cantos do mundo. Essa celebração anseia focar na manifestação salvífica de Jesus além das fronteiras do povo judeu, reconhecendo nesses sábios não-abraâmicos e de distintas raízes étnicas o símbolo do amor divino por toda a humanidade.

Três estranhos vindos de terras longínquas, desconhecidos entre si, magos e astrólogos, amantes dos astros, reconhecendo a divindade que governa o cosmo, viram-se impelidos a seguir uma estrela resplandecente. Guiados pela constelação, os três reis se encontraram na encruzilhada ao pé do Monte Calvário, em Jerusalém. A língua era um abismo entre eles, mas o propósito comum os uniu.

Diante do Menino Jesus, oferecendo presentes emblemáticos: ouro, símbolo de realeza; incenso, em reverência ao sacerdócio; mirra, alusão a sua futura morte e ressurreição. Esses dons sustentaram a Sagrada Família em seu exílio no Egito, protegendo o Menino Jesus, Maria e José.

O frade carmelita João de Hildesheim teceu histórias e devoção aos Reis Magos através do “Livro da gesta da tripla deslocação dos três muito Bem-Aventurados Reis”, compilando narrativas e relatos que atravessaram gerações. É por meio desta obra que conhecemos os nomes e origens desses três sábios.

Após visitarem o Menino Jesus e entregarem os presentes, diz-se que os reis viveram juntos na Índia, onde São Tomé, em sua jornada, encontrou emblemas artísticos da estrela e do Menino Jesus, além do sinal da cruz, todos mandados imprimir pelos três Reis. O santo consagrou-os bispos. Próximos em vida, os três reis também encontraram a morte em intervalos estreitos, sepultados com honras em túmulos conjuntos, erguidos como centros de culto, de onde numerosos fiéis buscaram graças divinas.

No século IV, Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, em sua busca por relíquias cristãs, viajou aos locais santos e encontrou as relíquias dos três Reis na Índia, levando-as à grandiosa Basílica de Santa Sofia, em Constantinopla (hoje, Istambul). Séculos depois, essas relíquias foram transladadas para Milão e, posteriormente, para a bela catedral gótica de Colônia, na Alemanha, onde repousam num riquíssimo relicário desde 1164.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.