Teologia do Corpo - São João Paulo II

UMA MORALIDADE SEXUAL LIBERTADORA

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Cada homem, cada mulher, se realiza plenamente através da mútua e sincera doação. Para os casados, o momento da união conjugal constitui uma expressão muito especial disto.
João Paulo II (CF, n. 1 2)

Nesta breve introdução à teologia do corpo de João Paulo II, temos examinado nossa origem, nossa história e nosso destino, e os chamados para o celibato e para o matrimônio. Temos agora o devido contexto para compreender o ensino da Igreja a respeito da moralidade sexual e da procriação. 

É possível que, neste momento, você esteja experimentando um certo tremor. Entendeu a lógica do Papa, pôde ver onde está seu fundamento e constatar se a vida que você leva se mede ou não por ela. Bem-vindo à raça humana! Todos nós estamos aquém “da glória de Deus” (cf. Rm 3,23). Mas a boa notícia é que Cristo pode restaurar-nos para a glória. Lembre-se, não importa onde você esteve ou que erros cometeu. A teologia do corpo é uma mensagem de salvação sexual, não de condenação. 

A moralidade cristã autêntica não está contra nós. Muito ao contrário, está irrestritamente a nosso favor. A primeira linha na secção do Catecismo sobre a moralidade é bem significativa. Aí não está escrito: “Renuncie a tudo o que lhe dá prazer e observe estas miseráveis regras, caso contrário, só lhe resta o inferno”. Pelo contrário, ela diz: “Reconhece, ó cristão, a tua dignidade ( … )” (CIC n. 1691). Foi isto que a teologia do corpo de João Paulo II proclamou desde o início – nossa dignidade, nossa “grandeza” como homem e mulher. Chegou agora o momento de ver isto mais detalhadamente a fim de não ser enganado. Não tenha medo! 

APLICANDO O PRINCÍPIO BÁSICO

Observei que todas as perguntas sobre a moralidade sexual, no fim das contas, se reduzem a uma só: Isto que estou fazendo espelha ou não o amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus? 

Se isto o desafia, o meu desafio a você é deixar que isto o desafie! Não devemos temer as exigências do amor. A única coisa a temer é a “dureza de coração”, que, segundo Cristo, resiste às exigências do amor (cf. Mt 19,8). Ao ler as seguintes perguntas, pense em tudo o que aprendemos sobre o “grande mistério” da nossa criação como homem e mulher e o chamado de os dois serem “uma só carne”. Vamos lá! 

Será que a masturbação dá a imagem do amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus ou não? E a fornicação (sexo antes do casamento) será que condiz com a imagem do amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus? E será que o adultério faz isto? E o comportamento homossexual? E as ilustrações pornográficas? Será, por fim, que um relacionamento sexual entre marido e mulher, intencionalmente esterilizado, reflete o amor livre, total, fiel e frutuoso de Deus, ou não? Se você ouvir hoje a sua voz, não endureça o seu coração (cf. Hb 3,15). 

Homens e mulheres sábios ao longo da história (não só católicos) reconheceram que o respeito à função procriativa da união sexual é a chaveta de toda a moralidade sexual. Também Sigmund Freud reconheceu isto. “O abandono da função reprodutiva – escreveu ele – é a característica comum de todas as perversões. Na realidade, nós qualificamos como perversa uma atividade sexual, se ela deixa de lado o objetivo da reprodução, procurando apenas o prazer como um objetivo independente dela” (Introductory Lectures in Psychoanalysis). 

Considere isto: se aceitamos a separação do sexo da sua natural orientação para uma nova vida, que argumentos nos sobram para impedir a justificação deste ou de qualquer outro meio capaz de nos levar ao orgasmo? Esterilizando o sexo, desorientamos fundamentalmente o ato. Ele não aponta mais para a necessidade do casamento e da constituição de uma família. Entregar-se à libido (deixar-se dominar totalmente pelo instinto sexual) se tornaria o nome do jogo; nesse jogo, eventualmente passaríamos a considerar a relação sexual vaginal apenas como uma forma, entre milhares de outras, para satisfazer nossa libido. Ao separarmos o sexo da sua mais natural consequência, perdemos inevitavelmente nossa bússola moral. Bem-vindos ao mundo em que vivemos. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.