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Se Deus já sabe do que precisamos, por que precisamos orar?

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Se Deus já sabe do que precisamos, por que precisamos orar?

If God already knows what we need, why do we need to pray?

Sem Nome Responde

A oração possui como essência o nosso relacionamento com Deus e se você está se preocupando com questões voltadas a oração eu já fico feliz, pois isso significa que você está se preocupando com o seu relacionamento com Deus. Independente de em qual estado encontra-se a sua vida espiritual, iniciante ao avançado sempre surgem dúvidas e inquietações que nos fazem refletir sobre nossa oração.

O Senhor presenteou a sua Santa Igreja com um grande santo já respondeu essa pergunta que nós que estamos ainda peregrinando em busca da santidade possamos, também, um dia chegarmos a alcançar a graça da vida eterna. Por isso, aqui eu deixo o grande doutro angélico Santo Tomás de Aquino responder à pergunta para nós. 

Suma teológica, II Seção da II Parte

Questão 83: A oração

Art. 2 – Se é conveniente orar.

ASSIM SE PROCEDE: Parece que não é conveniente orar. 

1º Com efeito, parece ser a oração necessária para levarmos ao conhecimento de quem pedi­mos aquilo de que carecemos. Ora, lê-se no Evan­gelho de Mateus: “O vosso Pai sabe aquilo de que careceis” Logo, não é conveniente orar a Deus. 

2 Além disso, pela oração o espírito daquele a quem se ora se inclina para que atenda ao que se pede. Ora, o espírito de Deus é imutável e inflexível, segundo o livro dos Reis: “O triunfan­te em Israel não se arrependerá nem se dobrará”. Logo, não é conveniente orar a Deus.

3º Ademais, é maior liberalidade dar a quem não pede do que dar a quem pede, porque segun­do Sêneca: “Nada se compra mais caro do que aquilo que se compra pelas preces”. Ora, Deus é liberalíssimo. Logo, não parece ser necessário orar a Deus. 

EM SENTIDO CONTRÁRIO, lê-se no Evangelho de Lucas: “É necessário orar e não desanimar”.

RESPONDO. Os erros dos antigos sobre a oração foram três. O primeiro consistia em afirmar que, devido às coisas humanas não serem dirigi­das pela divina Providência, seria inútil orar e prestar culto a Deus. Lê-se no livro de Mala­quias: “Dissestes que é inútil quem serve a Deus”. O segundo consistia na opinião de que tudo acontece por necessidade, mesmo as coisas humanas, ou por causa da imutabilidade da providência divina, ou por causa da influência dos astros, ou por causa da conexão das causas. Esta opinião também exclui a utilidade da oração. O terceiro erro é o daqueles que afirmavam que as coisas humanas são dirigidas pela providência divina e que não resultam de necessidade. Não obstante, os mesmos afirma­vam que a providência divina é variável e que as orações e os atos do culto divino podem provo­car mudanças na disposição da providência di­vina. Todos esses erros já foram refutados (Isso aconteceu na parte I da suma teológica). Por isso, convém apresentar a utilidade da oração, de tal forma que nem imponhamos necessidade às coisas humanas, submetidas à providência divina, nem julgamos mutável a disposição divina. 

Para esclarecimento desta doutrina, deve-se considerar que a providência divina não somente determina os efeitos, mas também de quais cau­sas, e em que ordem são causados. Entre as múltiplas causas, há também as que são atos huma­nos. Donde ser necessário, não que os homens façam alguma coisa para, pelos seus atos, muda­rem o que foi disposto pela providência divina, mas que, pelos seus atos, realizem alguns efeitos, segundo a ordem disposta por Deus. Isto aconte­ce também nas causas naturais e algo semelhante na oração. Não oramos para mudar o que foi dis­posto pela providência divina, mas para que façamos o que Deus dispôs para ser realizado devido à oração dos santos. Por isso, escreve Gregório: “Pedindo, os homens mereçam receber aquilo que Deus onipotente determinou conceder-lhes desde a eternidade”.

Quanto ao 1º, portanto, deve-se dizer que não é necessário apresentar as preces a Deus para torná-Lo ciente dos nossos desejos ou indigências, mas para que nós mesmos consideremos que, nesses casos, se deve recorrer ao auxílio divino. 

Quanto ao 2º, deve-se dizer, como foi dito acima que a nossa oração não objetiva mudar aqui­lo que foi disposto por Deus, mas conseguir d’Ele, pelas orações, o que Ele dispôs. 

Quanto ao 3º, deve-se dizer que muitas coisas Deus concede por liberdade mesmo que não pe­didas. Mas quando nos concede o que Lhe pedi­mos, o faz para nossa utilidade, a saber, para que consigamos a confiança para recorrer a Deus e tenhamos o reconhecimento de que Ele é o autor dos nossos bens. A respeito, escreve Crisóstomo,

“Considera quanta felicidade te foi concedida; quanta glória te foi tributada; pelas orações, dialogar com Deus, conversar com Cristo, aspirar ao que queres e pedir o que desejas”.

Crisóstomo

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Sem Nome Responde é uma sessão onde buscamos responder perguntas que são enviadas a nossa redação, nos envie suas perguntas ou contribuições para as respostas por nossos canais de comunicação, ficaremos muito felizes em nos conectar com vocês. 

Não temos aqui a intenção de dar respostas definitivas para nenhuma pergunta, apenas buscamos a luz da sabedoria da Santa Mãe Igreja dar um passo na direção da verdade. Correções nas respostas podem ser realizadas a qualquer tempo, sempre que a luz dos ensinamentos da Santa Mãe Igreja nos permitir.