Os católicos podem falar pronomes neutros?
Can Catholics speak neutral pronouns?
Sem Nome Responde

A resposta direta para essa pergunta é, não há resposta, a Santa Mãe Igreja não se pronunciou oficialmente sobre isso e as chances de que venha a fazer isso são pequenas. O que temos disponível são opiniões individuais de teólogos, linguistas e bispos a esse respeito. Por isso, o raciocínio que vou desenvolver a seguir, não é uma verdade de fé ou orientação doutrinaria da Igreja que todo católico deve observar, mas sim, um humilde esforço lógico de pensar o assunto.
A favor argumenta-se que:
1º – O pronome neutro existe porque existem pessoas que não se identificam como “ele” ou “ela” (masculino ou feminino), por isso usam o “elo” e outras variações de pronomes neutros para designar pessoas não binarias.
2º – O pronome neutro promove a inclusão daqueles que outrora se sentiam excluídos pela imposição binária da linguagem.
3º – O pronome neutro é uma evolução natural da linguagem que por sua natureza viva se transforma com o tempo.
Contra-argumenta-se que:
1º – Existe somente dois gêneros definidos biologicamente o masculino e o feminino.
2º – O pronome “ele” no caso da língua portuguesa, derivada do latim e possui duas funções, a de pronome masculino e a de pronome geral, por isso é utilizado em ambientes com pessoas dos dois gêneros.
3º – A língua é viva, porém sua evolução é natural e não imposta como uma obrigatoriedade de uso, pois mesmo as regras gramaticais vigentes foram se transformando e ganhando status de regras com o passar de centenas de anos.
O que um católico precisa observar entre os argumentos:
O que é o pecado? O pecado é uma ofensa a Deus. A vida humana é uma criação de Deus, Ele criou o homem e a mulher com papeis claros e objetivos definidos, a sua imagem e semelhança (Gn 1), quando um homem diz que não se identifica como homem ou quando uma mulher diz que não se identifica com mulher ele está questionando a perfeição da criação divina, ou seja, está pecando contra a vontade de Deus.
Ao desejar adotar o pronome neutro como uma maneira de incluir as pessoas que alegam não se identificar com a maneira como nasceram, o que está sendo feito é incluindo o pecado como algo normal, aceitando que a criação de Deus é imperfeita e que o ser humano tomando o lugar de Deus está buscando concertá-la. Aqui nem preciso dizer quem foi que teve a ideia de se colocar no lugar de Deus primeiro.
Com isso, não estou alegando que pessoas com desordens sexuais de qualquer natureza são inferiores, não importa se a pessoa sente atração sexual por pessoas do mesmo sexo, idosos, crianças, animais ou plantas, a sexualidade desordenada é um pecado e pronto, da mesma maneira que um casal hetero tendo relações sexuais íntimas fora do matrimônio é pecado, da mesma maneira que desonrar os pais é pecado etc.
Não cabe ao católico julgar, destratar, descriminar, menosprezar, excluir quem quer que seja pelos seus pecados. Mas é dever do católico não querer normalizar o pecado do outro como se isso fosse uma coisa que deveria ser aceita. A pessoa está em estado de pecado, possuem uma desordem e precisa encarrar isso dentro da fé (se não tem fé sólida o problema já é outro), com isso não estou promovendo a cura gay ou qualquer outra insanidade desse tipo, a pessoa vai ter que viver lutando contra a sua desordem sexual pecaminosa igual a qualquer outra pessoa precisa viver e lutar contra a sua própria desordem pecaminosa, seja lá qual for ela.
Observa-se também que a comunicação é contextual, fora do seu contexto muito da comunicação se perde, por exemplo negro, neguinho, morena, branquela, japinha. É possível que ao ler esses termos você tenha mentalizado uma pessoa com um fenótipo específico, mas ainda não é possível dizer se o termo foi pejorativo, ofensivo, carinhoso ou brincalhão. A maioria das pessoas no Brasil conhece alguém que trata assim (ou com algum termo parecido), ninguém vai negar que o preconceito existe e é fácil de se deparar com um caso, assim como ninguém vai negar que é igualmente fácil encontrar pessoas que amam e que são amadas de volta e ambas utilizam os mesmos termos.
Por isso, se você católico, tem um amigo, seja ele católico ou não, ao qual você se dirige com um pronome neutro, por fazer parte de seu dialeto cotidiano, de gírias, de brincadeiras, de apelidos e afins, não se preocupe, esse é o menor dos problemas de vocês. Porque o objetivo de ambos não é mudar a realidade implícita, apenas se tratam com afeto. O contexto, o lugar e o momento são sempre cruciais.
Por isso, diante da pergunta, católico pode falar pronome neutro? Respondo. Se você deseja adotar o pronome neutro amplamente para incluir as pessoas que não se identificam com masculino ou feminino, parece-me incompatível com a fé católica. Não tente normalizar o pecado e a desordem alheia, isso não é misericórdia é complacência, você não vai contribuir para a conversão e salvação de ninguém assim. Mas se você tem um amigo que é tratado assim (independente do pecado ou da desordem sexual que ele enfrente) não seja purista, giras e apelidos dificilmente serão o que levarão dois amigos que buscam a santidade para o inferno.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Sem Nome Responde é uma sessão onde buscamos responder perguntas que são enviadas a nossa redação, nos envie suas perguntas ou contribuições para as respostas por nossos canais de comunicação, ficaremos muito felizes em nos conectar com vocês.
Não temos aqui a intenção de dar respostas definitivas para nenhuma pergunta, apenas buscamos a luz da sabedoria da Santa Mãe Igreja dar um passo na direção da verdade. Correções nas respostas podem ser realizadas a qualquer tempo, sempre que a luz dos ensinamentos da Santa Mãe Igreja nos permitir.





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