O ensinamento da Humanae Vitae – escreve o Papa – “encontra-se intimamente ligado com nossas reflexões anteriores sobre o casamento em sua dimensão de sinal (sacramental)”. Contra a anticoncepção podemos argumentar partindo inteiramente da razão humana e da filosofia. Mas, João Paulo II mostra que a mais profunda razão teológica da imoralidade da contracepção é que ela é fundamentalmente sacrílega, pois falsifica o sinal sacramental do amor no matrimônio.
Como sacramento, o matrimônio não simboliza apenas a vida e o amor de Deus, ele participa realmente na vida e amor de Deus – ou, ao menos, é chamado a participar neles. Para os sacramentos transmitirem a graça (a vida e o amor de Deus), o sinal sacramental deve significar exatamente o mistério espiritual. Por exemplo, a água, como sinal físico de purificação, no batismo produz uma verdadeira purificação espiritual do pecado. Mas se alguém, ao invés de água, batizar com lodo ou piche, nenhuma purificação espiritual se dará, porque o símbolo físico é agora algo que suja, e seria por isto um contrassinal, um “antisacramento”.
Tudo o que é da vida matrimonial é sacramento. Tudo o que é da vida matrimonial deve ser sinal da vida e do amor de Deus. Mas este sacramento, no entanto, possui uma expressão perfeita. Em nenhum outro momento da vida os esposos explicitam mais o amor de Deus do que quando se tornam “uma só carne”. Neste, como em nenhum outro momento da vida matrimonial, eles são chamados a participar no “grande mistério” do amor de Deus. Mas isto somente acontecerá se a união sexual expressar corretamente o amor de Deus. Portanto, conclui o Papa, no relacionamento sexual “podemos falar em atos moralmente bons ou ruins, enquanto contém ( … ) ou não o caráter de sinal verídico”.
João Paulo II diz que o elemento essencial do matrimônio como um sacramento é a linguagem do corpo expressa na verdade. É assim que os esposos “constituem” o sinal sacramental do matrimônio (cf. 12.01.1983). Ao inserir a anticoncepção na linguagem do corpo (consciente ou inconscientemente), o casal cria um contrassinal do “grande mistério”, uma espécie de “antisacramento”. Ao invés de proclamar: que “Deus é amor que dá vida”, a linguagem do relacionamento com anticoncepcionais afirma o contrário: “Deus não é amor que dá vida”.
Desta maneira, os esposos, (consciente ou inconscientemente) tomam-se “falsos profetas”. Eles blasfemam. Seus corpos ainda proclamam teologia, mas não teologia cristã; de forma alguma, teologia daquele Deus que se revela como Pai, como Filho e como Espírito Santo. Sexo com anticoncepcionais nega e ofende a nossa criação à imagem da Trindade.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.




