A inteligência artificial voltou a ser causa de entusiasmos de muita gente, digo voltou porque à várias décadas que as pessoas entram e saem de frenesis com o tema, a cada novidade que surge e alça popularidade. Entre filmes, séries, desenhos, funcionalidades em equipamentos eletrônicos existentes e equipamentos novos, a tecnologia vai renovando a empolgação de muitos com o futuro altamente tecnológico enquanto vai assustando outros que ficam proporcionalmente preocupados.
Mas não se preocupe, aqui não pretendo alongar-me falando sobre o que a inteligência artificial pode ou não fazer, mas sim sobre o que a propagação de conteúdos gerados por inteligência artificial já é capaz de evidenciar.
A inteligência artificial não é o problema, a sua fé artificial sim.
Uma das modalidades de inteligência artificial mais populares da atualidade são as capazes de gerar imagens a partir de comandos em texto. De fato, uma ferramenta muito útil para acelerar tarefas do nosso dia a dia, principalmente em uma sociedade visual de redes sociais como a nossa. Aqui no semnome.org nós já fizemos uso dessas ferramentas algumas vezes e não é difícil identificar imagens geradas por inteligência artificial espalhadas internet à fora.
Você com certeza já viu e passou por uma serie de imagens de cunho católico nas redes sociais e deve ter percebido isso com certeza facilidade, já que no geral, embora as ferramentas estejam evoluindo para buscar evitar isso, todas possuem semelhanças umas com as outras, porque as imagens são limitadas a alguns estilos e traços.
Até aí tudo bem, nós gostamos de imagens repetidas, nos ajuda a sentirmos parte de algo, basta observar como as fotos de locais turísticos são em sua maioria muito parecidas e como modelos prontos viralizam rápido, visto que todos desejam participar e postar igual.
Quando tratamos de fé, o mesmo fenômeno acontece e ainda com mais desejo, quisera eu que todos nos convertessem e professássemos a fé em Cristo Jesus. No entanto, o problema é que as nossas queridas imagens geradas por inteligência artificial mostram que estamos longe disso, porque a nossa fé é mais artificial do que a imagem gerada.
A Santa Mãe Igreja nos ensina que em nossa fé as coisas não são aleatórias ou acidentais, nossa liturgia possui significado em cada detalhe, nossas vestes, nossas regras, os mandamentos, as festas, os santos, os ícones, as imagens. Tudo tem uma forma única de ser por um motivo e assim deve ser para nos manter focados em nosso objetivo central, amar a Deus e dEle nos aproximarmos buscando a santidade.
E é por isso que a infestação de imagens geradas por inteligência artificial atesta o quanto a nossa fé é superficial, porque elas são publicadas e compartilhadas com erros aos quais não deveríamos deixar passar.
Não desejo que vocês entrem em discussões estéreis sobre a cor ou a etnia que Jesus, Maria ou José deveriam ser retratados, tão pouco sobre a idade ou aparecia física que eles ou outros santos e personagens bíblicos deveriam ter, isso é totalmente irrelevante. Embora as muitas imagens de São José que já vi em perfis católicos esse ano me remetam mais a um instrutor de CrossFit do que ao Patrono Universal da Igreja Católica e isso tenha me rendido boas risadas.
Porém outras imagens precisam de elementos específicos para serem a imagem que a Santa Mãe Igreja reconhece como tal, exemplos recentes do nosso calendário litúrgico como Corpus Christi, Imaculado Coração de Maria, Sagrado Coração de Jesus, Castíssimo Coração de José, Anjo da Guarda de Portugal. Imagens que representam esses e tantos outros sinais visíveis da nossa fé não podem ser aleatoriamente alterados retirando deles as características que os representam.
Ao colocar para a inteligência artificial a tarefa de gerar imagens que representam a nossa fé de maneira tão específica, a própria natureza generativa da inteligência artificial de sempre criar algo novo vai alterar essas características.
Por isso, não culpe a inteligência artificial se a imagem não ficou como deveria, coloquemos sobre nós mesmo a responsabilidade, primeiro por querer que a tecnologia faça tudo para nós, pois ela não foi criada para fazer tudo por nós.
Segundo, porque nossa fé superficial não nos permite contemplar as coisas de Deus com a atenção devida e tudo passa despercebido. Despercebido ao ponto de termos uma fé artificial incapaz de reconhecer o que é elemento essencial da nossa fé ou não, incapaz de saber o que é considerado certo ou errado até mesmo em uma imagem.
Retornemos ao básico para não permitirmos que o sagrado passe por nós sem ser amado.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.




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