Teologia do Corpo - São João Paulo II

FIDELIDADE ÀS PROMESSAS DO CASAMENTO

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Em sua maioria, os casais que usam contraceptivos não têm sequer ideia do que estão fazendo com seus corpos, razão por quê não podem ser incriminados. No entanto, mesmo que o casal seja inocente por não saber o que está fazendo, gradativamente, a contracepção acabará produzindo seus efeitos destruidores no relacionamento conjugal. Demos um exemplo: se eu tomo um copo de veneno, sem saber que é veneno, eu não cometo suicídio e, portanto, não sou culpado por minha morte. No entanto, acabei perdendo a vida. O fato de eu pensar que alguma coisa possa ou não ser venenosa não vai fazer a menor diferença, ela será sempre venenosa. 

As causas do aumento dramático de divórcios em nossos dias são muitas e complexas. No entanto, não deveria nos surpreender que o ponto mais alto no gráfico dos divórcios coincida com a aceitação e a prática dos anticoncepcionais. Qual a conexão entre os divórcios e os anticoncepcionais? Acham que poderia ser sadio um casamento em que marido e mulher vivem na infidelidade mútua? O relacionamento sexual conjugal deve renovar e expressar as promessas do casamento. No entanto, a contracepção transforma o “sim” daquelas promessas num rotundo “não”. 

Durante o relacionamento conjugal, “um momento assim rico de significado ( … ) especialmente importante é aquele em que a ‘linguagem do corpo’ é relida de acordo com a verdade”. Somos livres frente à opção de fazer sexo ou não. Mas se optamos por unir-nos sexualmente, não somos livres para mudar-lhe o sentido. A linguagem do corpo tem “significados bem claros”, e todos eles estão “programados” – explica o Papa – no consentimento conjugal e nas promessas. Um exemplo é com relação à “pergunta: ‘Estais dispostos a aceitar com responsabilidade e amor os filhos que Deus pode lhes dar?’ ( … ) tanto o homem como a mulher, em separado, responde: ‘sim’”. 

Se os esposos dizem “sim” diante do altar, mas depois esterilizam sua união, estão mentindo com seus corpos. Estão sendo infiéis às promessas do casamento. Tal desonestidade, bem no coração da aliança matrimonial, só pode ter efeito deletério. 

Alguém poderá revidar: “Vamos e venhamos! Diante do altar posso prometer ‘aceitar os filhos’, mas isto não quer dizer que cada um dos meus relacionamentos conjugais precisa incluir a aceitação de filhos”. Na verdade, isto parece o mesmo que dizer: “Diante do altar posso prometer fidelidade, mas isto não significa que cada um dos meus relacionamentos sexuais deva ser com minha esposa”. Se você pode reconhecer a inconsistência de uma promessa de fidelidade ( … ) mas não sempre, você deve também reconhecer a inconsistência de uma promessa de estar disposto a receber os filhos ( … ) mas não sempre. Que tal se os noivos, durante a celebração do matrimônio diante do altar, simplesmente suprimissem sua “disposição de aceitar filhos?” Neste caso, pelo menos, não estariam os dois “mentindo” com seus corpos ao usarem contraceptivos! Será mesmo? Isto refletiria o que prometeram fazer, sim. Mas com tal compromisso, eles não estariam amando como Deus ama. O casamento deles não seria válido. Como a Igreja sempre ensinou, excluir conscientemente a aceitação dos filhos anula o matrimônio já no início.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.