A vida no Espírito Santo, segundo o Papa, leva os casais a uma admiração e a um profundo respeito pelo mistério de Deus revelado em seus corpos. Essa vida leva os casais a compreenderem, juntamente com todas as manifestações possíveis de amor e afeto, o “singular, ou melhor, o excepcional sentido” do amplexo sexual (cf. 21.11.1984).
A prática dos contraceptivos – e a mentalidade que se esconde por trás dela – denota uma total falta de compreensão do significado extraordinário do amplexo sexual, no plano de Deus. Uma falta que constitui, em certo sentido – afirma o Papa -, a “antítese” da espiritualidade matrimonial (cf. 21.11.1984). Se a espiritualidade matrimonial inclui, por parte dos esposos, a abertura de seus corpos – e “daquele corpo” que formam no ato sexual – para o Espírito Santo, a contracepção manifesta um específico “fechar-se” ao Espírito Santo. Quem é o Espírito Santo? Como rezamos, em cada domingo, no Credo de Nicéia, ele é o “Senhor e doador da vida”. A contracepção, entretanto, diz: “Senhor e Doador da vida, não te queremos aqui”.
Não acham esta negação bastante parecida com a do pecado original? No ato da criação, Deus “inspirou” o corpo humano com sua própria vida e seu amor (cf. Gn 2, 7). Quando pecaram, porém, o homem e a mulher “expiraram”, isto é, sopraram para fora de seus corpos o Espírito de Deus. Ou, noutras palavras, pela “dureza de seus corações”, recusaram-se a aceitar o Espírito Santo. Uma vez mais renovo o apelo: “Hoje, se ouvirdes sua voz, não endureçais vossos corações” (Hb 3,15).
Desde o começo, a união sexual destinou-se a tornar o casal participante do intercâmbio eterno do amor de Deus. Na verdade, o que pretendem expressar com seus corpos os casais quando excluem de sua união o Senhor, Doador da Vida? Consciente ou inconscientemente, eles dizem isto: “Preferimos o prazer momentâneo de um orgasmo esterilizado que participar na vida íntima da Trindade”. A esses eu digo: é uma decisão errada! Porém acha você que, se os casais realmente soubessem o que estão escolhendo, continuariam nesta prática equivocada? Só me resta apelar para as palavras de Cristo, no alto da cruz; “Pai, perdoai-lhes, pois não sabem o que fazem!” (Lc 23,34).
Não há nada de trágico em admitir que temos pecado. Não é nenhuma tragédia reconhecer que fomos enganados com promessas falsas, que nos venderam um “osso” difícil de roer. A única tragédia é a dureza de coração que se recusa a admitir seu próprio pecado. Não tenha medo! Como dissemos repetidas vezes ao longo deste livro, Cristo veio para salvar, não para condenar (cf. Jo 3,17). Não importa quantas vezes a luxúria dominou sua vida. Não importa se você foi “disléxico”, isto é, incapaz de ler e entender, ou até “analfabeto” em ler a linguagem divina do corpo. Graças ao presente da redenção – proclama corajosamente João Paulo II – “existe sempre a possibilidade de passar do ‘erro’ à ‘verdade’ … , a possibilidade de … conversão do pecado à castidade, como uma expressão de vida segundo o Espírito” (09.02.1983).
Vinde, Espírito, vinde! Convertei nossos corações da luxúria ao amor. Impregnai de paixão divina os nossos desejos sexuais, amando como Deus amou aqui na terra, a fim de podermos um dia nos alegrar na consumação das “núpcias do Cordeiro” no céu. Amém.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.




