Mas não será apenas como indivíduos que viveremos esta autodoação de amor em união com Deus. Conforme acenamos há pouco, viveremos também em autodoação de amor e comunhão em união com todos os santos que gozam da visão beatífica. Recorde que, na sua experiência de solidão, Adão descobriu sua vocação fundamental de amar a Deus e ao próximo. No céu teremos a realização de ambas as dimensões dessa vocação. Ao atingirmos nosso destino, passaremos a viver em consumada união com todos os que ressuscitaram na glória.

“Para o homem, esta consumação será a realização final da unidade do gênero humano, desejada por Deus desde a criação ( … ). Os que estiverem unidos com Cristo formarão a comunidade dos remidos, ‘a cidade santa’ de Deus, ‘a Esposa do Cordeiro’” (CIC n. 1045). Que “unidade era essa do gênero humano, desejada por Deus desde a criação?” Era a unidade de dois, homem e mulher, “numa só carne” (Gn 2,24). Na comunhão dos santos haverá “muitos membros” (uma imensa multidão de homens e mulheres glorificados), mas todos estarão eternamente unidos “num só corpo” (cf. 1 Cor 12,20). 

Isto, obviamente, não será experimentado no sentido sexual vivido na terra. Mesmo assim podemos concluir que, de um modo misterioso que transcende a nossa compreensão terrena, tudo o que for masculino em nossa humanidade se manterá em união com tudo o que for feminino em nossa humanidade. Essa unidade, essa “uma só carne”, será a de uma verdadeira Esposa de Cristo, vivendo numa união perfeita com o Esposo por toda a eternidade. Nessa e através dessa comunhão com Cristo, a comunhão dos santos viverá em comunhão com a Comunhão, isto é, a Trindade. Veremos a todos e seremos vistos por todos. Conheceremos todos e por todos seremos conhecidos. E Deus será “tudo em todos” (Ef 1,23). 

Esta é, repetimos, a finalidade da união sexual no plano divino: prefigurar de certa forma a glória, o êxtase e a felicidade que nos aguardam no céu (cf. Ef 5,31-32). Como reconhece o Catecismo, “nas alegrias do seu amor aqui na terra, Deus lhes dá (aos esposos) um antegozo do festim de núpcias do Cordeiro” (CIC n. 1642). Por que então admirar-se do grande interesse de todos pelo sexo? Deus depositou em cada ser humano este desejo inato de tentar entendê-lo. Para quê? Para nos conduzir a Ele. Muito cuidado, porém, com as falsificações! Pelo fato de o sexo ter por finalidade encaminhar-nos para o céu, é que o demônio ataca justamente por ali. Enquanto a nossa “curiosidade” inata em relação ao sexo não for vivida no contexto do “grande mistério” do plano divino, inevitavelmente continuaremos caindo, de um modo ou de outro, no plano contrário. Ou seja, enquanto o nosso desejo de compreender o corpo e a sexualidade não estiver unido à verdade, inevitavelmente caímos, dominados por mentiras. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.

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