Uma das ações que mais geram controvérsias dentro da fé cristã é o ato de batizar, alguns defendem que deve-se batizar quando adulto, outros na adolescência, a igreja católica orienta que o sacramento do Santo Batismo seja preferencialmente enquanto criança. Não sou teólogo, tão pouco sacerdote, sou apenas um sem nome e como tal reservo-me a seguir o que a igreja ensina.

Deixando a interpretação da palavra de Deus para quem recebeu a missão sagrada de interpreta-la, os mistérios do Espírito Santo para aqueles cujo o próprio Deus abençoou com o dom de compreendê-los. Neste sentido, no dia que celebramos o batismo do Senhor, desejo perguntar a vocês algo que está mais ao meu alcance e acredito que também ao seu.

Qual foi a última vez que você agradeceu a Deus pela refeição antes de comer?

Qual foi a última vez que você rezou antes de dormir ou depois de acordar?

Qual foi a última vez que você leu alguma passagem da Bíblia em casa?

Qual foi a última vez que pediu a benção aos seus pais, avós, tios, padrinhos, etc?

Como estão indo as respostas para essas perguntas? Está conseguindo responder com boas lembranças de dias não tão distantes ou está precisando buscar aquela memória distante de quando era criança? Talvez de alguns anos atrás? Vamos tentar novamente, com mais algumas perguntas.

Qual foi a última vez que você levou uma criança próxima a você (filho, sobrinho, irmão mais novo, vizinho) para missa?

Qual foi a última vez que você rezou com uma criança próxima a você?

Qual foi a última vez que você leu a Bíblia com uma criança próxima a você?

Se não estiver fácil de pensar numa resposta que não seja muito antiga, não se preocupe, porque vou facilitar, nossa última sessão de perguntas, são perguntas mais fáceis.

Qual foi a última vez que você rezou com um jovem próximo a você?

Qual foi a última vez que você leu a Bíblia com um jovem próximo a você?

Qual foi a última vez que você convidou ou acompanhou um jovem próximo a você para missa?

Acredito que a essa altura você já tenha entendido onde eu pretendo chegar. O batismo torna o fiel filho de Deus e o insere na comunidade de fé, mas o verdadeiro batizado não guarda para si a graça que recebe, ele partilha com o outro.

Ontem, eu estive participando de uma formação e ao término, não vim direto para casa, porque percebi que havia uma garotinha que ainda esperava seus pais virem buscá-la, então fiquei fazendo companhia a ela até que os pais chegassem.

Conversem com as crianças de suas paróquias e vocês perceberão rapidamente a diferença de uma criança cristã, para uma criança de uma família cristã. A garotinha tem aproximadamente dez anos, contou-me sobre sua passagem bíblica preferida, da maneira dela ela disse “aquela em que Jesus acorda a menina com um bocadinho de carinho”, eu demorei uns cinco minutos para saber de qual passagem ela estava falando, até que no meio da conversa ela disse, “Jesus chega perto da cama, segura a mão com cuidadinho e fala Talita acorde”. Essa é a versão do olhar dela para o que você pode conferir em Marcos 5, 41.

Eu curioso perguntei o motivo dela gostar daquela passagem e ela respondeu chutando o chão e olhando para baixo um pouco envergonhada, “minha mãe diz que só Jesus para me tirar da cama”. Eu sorrir e ela continuou, “mas seria bom pelo menos uma vez”. Confirmei que seria, quem não gostaria de ser acordado por Jesus não é mesmo? Mas ao perguntar a ela quem leu essa passagem para ela, a resposta dela foi rápida, sacou um pequeno caderno de desenhos de colorir de sua sacola e já abriu na marcação perguntando, “você sabe brincar?”, ela não me deu tempo de responder e continuou “eu ensino, abre o caderno em qualquer lugar, vai aparecer qualquer coisa, aí você tem que contar a história”. Entre uma pequena história bíblica e outra, os pais dela chegaram e eu fui embora para casa.

Essa visão que a criança tem a respeito do evangelho é muito particular da idade, mas não é por acaso, ela existe porque o ambiente familiar proporciona isso, se os pais não brincassem e contassem as história bíblicas as quais aqueles desenhos se referiam ela não construiria sozinha aquele olhar do nada. Aproveito para deixar aqui uma dica para os que tem infantes em casa, os desenhos para colorir dos Amiguinhos de Deus desde que seja para evangelização das crianças sirvam-se livremente.

Pois precisamos lembrar que Jesus espera que nós deixemos que as crianças cheguem a Ele (Mt 19, 14), uma responsabilidade que vem desde os santos apóstolos. Mas permitir que as crianças cheguem até Jesus é muito mais do que empurrar para igreja, deixar na catequese, ou qualquer outra coisa do gênero.

Permitir que as crianças cheguem a Jesus, é dar-lhes condições para isso, é ser igreja no seio familiar. No início da igreja primitiva, não existia catequese estruturada como temos hoje nas paróquias, os mais jovens aprendiam sobre a boa nova pelos mais velhos, em casa, no exemplo, na partilha, na oração. Os pais, os avós, os tios, irmãos, primos e tantos outros eram os responsáveis por apresentar a fé e dar condições de vivência da fé para os pequenos.

Mesmo havendo hoje uma estrutura de formação catequética, é importante lembramos que tornar uma criança cristã, não quer dizer que sua missão acabou, quer dizer que ela começou, é obrigação moral e espiritual de cada filho de Deus batizado, prover a catequese mais efetiva de todas, a catequese da família, do exemplo e do amor fraterno. Isto sim é honrar o batismo. Isto sim é deixar ir a Cristo as criancinhas.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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