A verdade não cria “verdades”
A verdade não cria “verdades”

A verdade não cria “verdades”

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A Santa mãe Igreja sofre constantemente ataques de desinformação, uma dos mais comuns é aquele em que se questiona a verdade de fé buscando plantar dúvidas na certeza, enquanto ideias duvidosas são tratadas como verdades que merecem ser ensinadas. 

É bem verdade que a igreja sempre sofreu com esse tipo de problema, sabemos exatamente como enfrentá-lo, pois assim nos ensinou o nosso Senhor 

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Nunca na história da humanidade o fluxo de informações foi tão grande, assim também como nunca a humanidade foi tão inerte em buscar a verdade. Para justificar nossa literal falta de coragem em buscar a verdade, abraçamos o relativismo onde toda verdade é relativa e até as palavras de Cristo podem ser manipuladas em malabarismos semânticos até que o próprio Deus Vivo concorde com quaisquer devaneio que esteja na cabeça de alguém. 

E esse fenômeno criou uma moda onde muitas vezes músicos, atores, romancistas, influenciadores digitais se tornam a referência de muitos, não por suas experiências, conhecimentos e credenciais acadêmicas, mas porque eles falam o que queremos ouvir. Em nome de nos mantermos no conforto da nossa opinião, selecionamos algumas “fontes” de informação e permitimos nos afastar da verdade. 

Não escrevo aqui hoje para lhes dizer que vocês não devem dar ouvido aos artistas, tão pouco para dizer a quem vocês devem dar ouvidos, mas para dizer a vocês que vale o esforço de conhecer mais do que só as fontes que concordam com você. É preciso lembrar que satanás conhece a sagrada escritura muito bem e sabe como usá-la a favor dele (Mt 4). É interessante perceber que Saulo de Tarso era grande conhecedor das sagrada escritura (At 8), mas sem a verdadeira experiência com Cristo ele nada sabia (At 9).

Ontem eu esteva conversando com uma sem nome, ela é uma das editoras aqui do site e me relatava sobre a necessidade que sentia de falarmos mais sobre festas e santos da igreja, aquela conversa, embora curta por ter acontecido em meio a madrugada, fez-me refletir sobre esse fenômeno das escolhas de informações que nós fazemos muitas vezes sem perceber. Um exemplo prático disso é a devoção a Santo Antônio na região nordeste do Brasil, onde ele é conhecido como o santo casamenteiro, é claro que não há problema algum em Santo Antônio ser conhecido dessa maneira, mas quando ele passa a ser conhecido apenas por isso, o que temos não é fé católica, mas crendices e superstições sem sentido. 

A fé e o conhecimento de mais de dois mil anos da igreja são muito vastos, não vamos domina-los da noite para o dia, mas é nossa obrigação buscar e passar a diante, pois é disso que depende a nossa salvação e a salvação do próximo. Foi acreditando nisso que muitos missionários deixaram e continuam deixando suas terras e dedicando suas vidas ao anúncio da verdade.

Hoje muitos chamam de colonialismo, de superposição cultural, imposição religiosa e tantos outros termos bonitos, como se fosse algo realizado por simples força da espada, por intimidação das armas e tendo a violência como único recurso. Mas quero fazer uma brincadeira com vocês, vou descrever um homem e enquanto vocês vão lendo a descrição quero que vocês imaginem como ele é. Vamos lá.

  • Imaginem um homem que desde os 14 anos possui tuberculose óssea e escoliose, caso você não saiba essa condição deixa a pessoa com inflamação nos ossos e dores constantes, causa dificuldade de locomoção e perda da massa óssea.
  • Esse homem era um dramaturgo, poeta e gramático, ou seja, escrevia peças de teatro, poemas diversos, estudava e ensinava gramática e outras coisas do gênero. 
  • Mudou-se para o Brasil, pois não era brasileiro, aqui ele não impôs a sua língua ou sua cultura ao contrário do que você poderia pensar de imediato, ele buscou compreender a realidade onde estava inserido e se tornou o autor da primeira gramática da língua tupi. 
  • Mesmo sendo espanhol escreveu muito em língua portuguesa e é considerado até hoje um dos maiores autores da literatura brasileira, com peças teatrais, poemas e até epopeia. 
  • Possui o título de patrono da academia brasileira de música por suas contribuições também nessa área. 

Então como estamos indo? Como você está imaginando esse homem? Tenho um palpite de que ele não estava parecido com um gladiador romano ou como um bárbaro viking. Mas talvez uma coisa mais curiosa esteja se passando pela sua cabeça nesse momento caso você não saiba ainda de quem eu estou falando. Por que você não conhece um homem com tamanha relevância histórico cultural? Mas se é o caso, eu vou lhe dar algumas informações adicionais.

  • Este homem foi cofundador de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro e é de autoria dele o documento histórico que atesta a data do aniversario da fundação da cidade São Paulo. 

E se você é um brasileiro e ainda não sabe quem é esse homem, não se preocupe que eu ajudo um pouco mais. 

  • Este homem, foi um sacerdote jesuíta, beatificado por São João Paulo II e canonizado pelo Papa Francisco, carrega a título popular de Apóstolo do Brasil, por ter sido um dos pioneiros no anúncio do evangelho em terras brasileiras, sendo declarado em 2015 copadroeiro do Brasil. 

Sim copadroeiro, se você é devoto de Nossa Senhora Aparecida padroeira do Brasil, talvez devesse conhecer um pouco mais sobre esse santo que apadrinha o Brasil junto com ela. Agora se você está pensando que é um brasileiro católico e não percebeu que esse tempo todo falávamos sobre São José de Anchieta, mantenha a calma, agora você sabe. E se você já sabia, só uma perguntinha, como foi a festa ontem? Isso mesmo a festa litúrgica de São José de Anchieta, foi ontem dia 9 de junho. 

Essa brincadeira foi uma forma rápida de observarmos como nos fecharmos nas nossas “verdades” pode não só privar-nos de conhecermos muito mais a riqueza da nossa igreja, mas por vezes nos fazem acreditar em “verdades” esvaziadas que deixam de lado tantos fatos importantes. Precisamos ir a águas mais profundas preenchermos de verdade, assim percebermos que mesmo que sejamos inundados de informação, mesmo que sejam muitos os que dizem conhecer as “verdades”, diante de Deus só existe uma verdade e por Tua graça somos capazes de reconhece-la até mesmo no menor dos detalhes. 

São José de Anchieta, rogai por nós.

Percebam Deus nas pequenas coisas.

Graça, Paz e Misericórdia.

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