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Você sabe o que é um telescópio? Você já deve ter ouvido falar dele e apesar de parecer que ele está na nossa vida a muito tempo, a criação do telescópio remonta aos anos de 1608 pelas mãos de um neerlandês chamado Hans Lippershey, o telescópio ficou rapidamente conhecido e ainda mais popular no ano seguinte, em 1609 quando o italiano Galileu Galilei fez várias versões do aparelho e dentre muitas coisas ficou conhecido por descobertas inéditas apontando o telescópio para o céu.
Percebam que o primeiro telescópio tem apenas 412 anos, pode parecer muito mais não é, para você ter uma ideia de como isso não faz tanto tempo assim, o primeiro conceito de relógio semelhante aos que existem atualmente de que temos registros remonta a antiga Judeia no ano de 600 a.C. a cerca de 2620 anos atrás, claro que o relógio da época era completamente diferente dos que temos hoje, em método de mensurar o tempo e em precisão principalmente, mas a ideia de mensurar o tempo com um aparelho é a mesma.
Da mesma forma, os super telescópios que temos hoje, não se comparam em precisão e alcance aos daquela época. Mas a ausência de um instrumento como esse não impediu que os seres humanos se guiassem pelas estrelas. Do ponto de vista histórico, a sagrada escritura nos mostra hoje um fato que mesmos os mais firmes ateus não podem contestar, mais de 1500 anos antes da invenção do telescópio, os seres humanos já observavam as estrelas, já olhavam para o céu em busca de respostas.
Muitos encontraram respostas pela ciência, outros pela imaginação, outros pela fé. Foi a fé que fez os magos atravessarem o mundo conhecido para encontrar o Filho de Deus, embora muitos hoje em dia questionem se isso de fato aconteceu por não haver de forma clara explicação de porque magos viajariam sozinhos com presentes valiosos e especiarias em tempo perigosos, por caminhos desconfortáveis.
Quero que faça o seguinte exercício mental, feche os olhos e imagine um rei, é provável que a realeza europeia e a Disney já tenham desenhado um rei para você e na verdade você lembrou dele e não o imaginou. À época, do nascimento de Cristo os reis não eram todos assim, uma boa parte deles eram guerreiros fortes que estavam à frente de seus exércitos, possuíam muito mais habilidades do que vestir longos mantos de veludo, dançar com jovens princesas e beber. Da um Google e você vai ver que falo a verdade.
Agora mais uma vez feche os olhos e imagine um mago, se você pensou em um homem vestindo manto, capa, capuz, talvez portando um cajado ou uma varinha, quem sabe com cabelo grande e até barba. Supressa novamente, você não imaginou apenas lembrou do que o cinema e os livros de ficção já ensinaram para você. Mas magos daquela época eram pessoas curiosas, inteligentes, que buscavam desenvolver a medicina, a matemática, a mecânica, a astrologia e a astronomia, dentre muitas outras coisas, seus avanços científicos eram muitas vezes tidos como magia porque o povo em geral não conseguia compreender o que eles faziam. Havia para eles uma aura de mistério e incompreensão, como se fossem pessoas com dons mágicos, muito parecido com o que faz hoje à cultura pop com gênios da tecnologia, da física quântica e tudo mais. Como eu disse, da um Google e você vai ver que estou falando a verdade.
Mas opiniões a parte, chama a minha atenção quanto tempo perdemos discutindo coisas irrelevantes como quantos foram visitar Jesus, se foram três, dose ou vinte e quatro. Se eram reis, magos ou qualquer outra coisa. O mais curioso para mim é que durante a vida pública de Jesus, vemos em diversos momentos os evangelistas narrarem as pessoas lhe pedindo sinais e por muitas vezes são repreendidas, Jesus ressalta como há em nós a necessidade de sinais para poder acreditarmos. Depois de ressuscitar Ele ainda destaca
“Felizes os que acreditaram sem ter vistos”
(Jo 20, 29b).
O que Jesus parece querer nos ensinar é que é preciso acreditar primeiro e ver depois. Os magos não eram judeus, não conheciam a fundo a cultura e a crença judaica, mas eles acreditaram que o Salvador estava para chegar, o sinal que eles receberam, a estrela que os guiava não era para que acreditassem, era para que soubesse que direção tomar. Quando entraram em Jerusalém eles foram onde pensavam que encontrariam o rei, dentro do palácio eles perguntaram onde Ele estava, mas não era ali que O encontrariam (Mt 2, 2).
Eles foram encontrá-Lo onde ele realmente estava, com grande alegria, prostraram-se, adoraram e lhe ofereceram presentes (Mt 2, 9-11). Tantas vezes buscamos Deus em grandes eventos, em retiros magníficos, queremos servi-Lo em igrejas imponentes e lá nos preparamos bem com nossas melhores roupas. Não que Ele não esteja ali, com certeza está porque assim Ele nos prometeu que estaria (Mt 18, 20), mas permitam-me contar a vocês um fenômeno curioso que eu observei em algumas paróquias por onde eu passei.
Durante a missa, no momento da comunhão, muitas vezes algumas filas acabavam primeiro e outras demoravam mais, isso seria natural e não chamaria a atenção, se a fila que sempre acabasse por último não fosse a do padre. Talvez os ministros estivessem sendo rápidos demais ou o padre muito lento. Mas o fenômeno que acontecia, era que muitas pessoas acreditavam que receber a comunhão da mão do padre era melhor ou mais importante e por isso desprezavam as filhas em que os ministros estavam, mesmo que nela não houvesse mais ninguém e ele ainda estivesse no meio da fila.
Eu poderia dar outros exemplos nada sutis como esse, mas o fato é que Cristo é o mesmo sempre, nós é que mudamos. Somos felizes por que cremos, e Ele nos mostra sua luz, uma estrela que nos indica o caminho, então começamos a segui-la, mas hábitos como esse que comentei e tantos outros vão fazem com que nem sempre sejamos capazes de ver com clareza a luz que nos guia, tem dias que parece que ela realmente não está lá, mas pode ser apenas que estejamos procurando Jesus no lugar errado, nessas horas, não custa nada perguntar
“onde está o Rei?”
De alguma maneira Ele espera que nós demonstremos que estamos a Sua procura, então quando terminar aquela missa que você sente que não significou nada, pergunte ao sacristão se ele precisa de ajuda, mesmo que ele não aceite, não se preocupe. Quando terminar aquela reunião pastoral que pareceu sem sentido, pergunte se alguém quer companhia e acompanhe até em casa, mesmo se ninguém aceitar, não se preocupe. Quando seu trabalho parecer uma cruz pesada demais para carregar, pergunte aos colegas do trabalho se alguém deseja jantar em sua casa, mesmo se ninguém aceitar, não se preocupe. Quando sua família parecer ser a pior família do mundo, pergunte se alguém quer rezar o terço contigo, se ninguém aceitar, não se preocupe. Quando nada estiver indo bem nos seus estudos, pergunte aos seus professores se eles aceitam ir à missa no mesmo horário que você no domingo, caso ninguém aceite, não se preocupe.
Não precisa se preocupar, continue a perguntar, Jesus saberá que você continua à procura Dele e Ele fará brilhar a estrela na direção certa novamente. Porque antes do sinal você acreditou, Ele te mostrará o caminho, um caminho que não é só seu, porque de tanto você fazer esse tipo de pergunta tentando encontrar a Ele, você levará a Ele muitos presentes contigo, outros que também desejarão se prostrar e adorar a Deus.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.