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Qual é pois a razão de São Paulo escrever estas palavras: “o que não se casa está agindo melhor do que aquele que casa”? (v. 38). Baseada nessas palavras, a Igreja tem tradicionalmente ensinado que o celibato é uma vocação objetivamente “superior”. Isto, porém, deve ser entendido com muito cuidado, pois já levou muitos a concluírem erroneamente que, sendo “tão bom” o celibato, o casamento deve ser tão “ruim”. Se abster-se do sexo torna a pessoa “pura e santa”, a união sexual, mesmo no casamento, a “mancha e suja”. Mas este não é, em absoluto, o ensino da Igreja! Tais depreciações do casamento e da união sexual, na verdade, se originaram do Maniqueísmo, do qual já falamos aqui.
A explicação de João Paulo II é perfeitamente clara: “A ‘superioridade’ (do celibato para o reino) em relação ao casamento nunca significou, na autêntica Tradição da Igreja, uma depreciação do casamento ou uma diminuição do seu valor essencial. Não significa uma mudança, nem mesmo implícita, em relação às posições maniqueístas, ou qualquer apoio aos modos de avaliar ou de agir, baseados na ótica maniqueísta do corpo e da sexualidade”. No ensino autêntico da Igreja “não encontramos base nenhuma para uma depreciação ao matrimônio” (07.04.1982).
Se o celibato é tido como um chamado “excepcional” é porque o casamento continua sendo o chamado “normal” da maioria. Se o celibato é “melhor”, não o é por si mesmo, mas por ser abraçado para o reino. É melhor no sentido de ser o matrimônio celeste (ao qual os celibatários se dedicam mais diretamente) superior ao matrimônio terreno. O celibato cristão proporciona aos que o vivem autenticamente um mais forte “antegozo” da futura comunhão com Deus e com todos os santos.
Mas quererá isto dizer que, se realmente queremos seguir a Deus, devemos ser todos celibatários? Não. “Cada um – escreve São Paulo – recebe de Deus o seu próprio dom; um de uma maneira, outro de outra” (v. 7). Cuidadosamente e com muita oração, procure cada um discernir qual o “dom” que Deus lhe concedeu. Subjetivamente falando, a “melhor” vocação é a que Deus nos dá como nosso dom pessoal e próprio. Se o casamento é seu dom, alegre-se! Este é o caminho da sua felicidade. Se, ao invés, é o celibato, alegre-se também; é o seu caminho para a felicidade.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.