ÍCONES E ÍDOLOS 
ÍCONES E ÍDOLOS 

ÍCONES E ÍDOLOS 

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Quando perdemos de vista aquela união infinitamente maior, inevitavelmente passamos a tratar o ícone como um ídolo. Ou seja, ao perdermos de vista as alegrias do céu, a tendência é ver a união sexual e seus prazeres físicos como nossa realização última. Bem-vindos… ao mundo em que vivemos! 

Existe, contudo, um importante elemento de verdade na obsessão idolátrica da sociedade pelo sexo. Por trás de cada falso deus, descobrimos o anelo do verdadeiro Deus, ignorado e mal entendido. No fundo desta confusão sexual hoje difundida no mundo inteiro e também em nossos corações, o que existe, embora inconscientemente, é o desejo humano pelo céu, ainda que mal direcionado. Basta desenlear o que estava enleado, para descobrir a grandiosidade do sexo no plano divino. “Por esta razão (…) os dois tomam-se uma só carne”. Para quê? Para revelar, proclamar e antecipar a união eterna de Cristo com a Igreja ( cf. Ef 5,31-32). 

O desejo sexual foi-nos dado por Deus como, digamos assim, o combustível de um foguete destinado a nos levar rumo às estrelas, e para mais além. Imaginem agora o que aconteceria se, de repente, os motores desse foguete fossem manipulados em favor, exclusivamente, de nossos desejos, e não mais em direção às estrelas? Lançado esse foguete, o resultado seria um gigantesco estrondo de autodestruição. Descobrimos aqui a importância das palavras de Cristo sobre o novo estado do corpo e do sexo na ressurreição: Elas nos ajudam a centrar nosso olhar naquela união, a única capaz de satisfazer. Quando deixamos que o “poder” dessas palavras penetre em nossos corações, elas podem redirecionar o nosso foguete para as estrelas. Uma vez mais o ídolo se torna o ícone que devia ser no plano originário. 

Somente quando nossos motores estão orientados para as estrelas é que o casamento assume seu verdadeiro sentido como sacramento. E os sacramentos, quando devidamente vividos, nos proporcionam um antegozo do céu já nesta terra. Mas, chegado o céu, os sacramentos cessam, pois já alcançaram seu objetivo. Não haverá sacramentos no céu (cf. CIC n. 671). Não porque serão anulados, e sim por estarem já plenamente realizados. Por isso, o fato de não casarmos na ressurreição não deve ser motivo de tristeza e sim de alegria. Todo desejo humano, todo desejo de amor e de união será satisfeito, de uma forma que supera os nossos mais fantásticos sonhos. Aquela dor profunda de solidão será completamente sanada. 

Até o casamento mais maravilhoso – a experiência está ali para comprová-lo – não consegue saciar a nossa fome de amor e de união. Sempre estamos desejando algo mais. O marido ama a esposa mais do que qualquer palavra pode expressar, mas certamente ela não deve se incomodar se seu marido disser que ela não é minha realização última. Nunca se deve pendurar o chapéu num prego que não consegue suportar-lhe o peso. Se olhamos para outra pessoa como nossa realização suprema, corremos o risco de esmagá-la! Só o casamento eterno e estático do céu – muitíssimo superior a tudo o que é próprio à vida terrena – poderá eliminar a dor humana da solidão. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.

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