Após passar a quaresma sem escrever nada aqui para no sem nome, durante um período de mensagens papais, reflexões quaresmais e meditações guiadas por Santos, que foram regradas a orações diárias mais intensas, penitências que algumas vezes falhei em cumprir (mas quem nunca?), jejuns e abstinências, eu tinha a pretenção de hoje, domingo de Páscoa, publicar um grande relato da minha experiência pessoal durante esse tempo de quaresma, mas não o farei. Não por não desejar fazê-lo, mas a verdade é que não tenho nada que possa ser considerado grandioso para contar.

Durante a quaresma abstive-me das redes sociais, em especial do Instagram, pensei em contar para vocês como foi uma experiência diferenciada, mas não foi. Observei o que eu já sabia, algumas pessoas notaram minha ausência por lá e entraram em contato comigo, outras passaram os quarentas dias a enviar mensagens, marcar-me em publicações e em comentários como se eu estivesse lá a respondê-los e a grande maioria nem percebeu a minha ausência. Conclusão,

Não importa o tamanho da sua audiência, lembre-se sempre que não é você o centro do mundo (Jo 14, 6).

Durante a quaresma eu dediquei parte da minha oração diária a oração do santo terço em latim, pensei em contar para vocês sobre a forte experiência espiritual de rezar o santo terço da mesma forma como rezaram tantos Santos da Igreja no passar dos séculos. Das revelações espirituais que tive e das experiências magníficas que marcaram minha memória e minha alma para sempre. Das tentações e batalhas espirituais que tive durante essa experiência, como venci batalhas diárias contra o inimigo, pois Maria passou na frente. Mas a verdade é que de fato o que posso dizer é que agora sei rezar a oração do Pai Nosso e a Ave Maria em latim. Conclusão,

A oração quem faz somos nós, mas é Deus quem a acolhe, não devemos começar uma oração já com um resultado em mente, a humildade está em permitir que Ele faça o que desejar (Lc 1, 38).

Nessa quaresma eu tinha o propósito de revisitar o catecismo da Igreja Católica, estudar ele por completo novamente, revigorar as bases da fé. Seria uma visita rápida a cada ponto, aquela visita de quem já conhece o parque, só deseja divertir-se um pouco. Mas quando cheguei lá, mesmo o parque estando igual a antes, a cada linha lida parecia que nunca tinha lido, era como se nunca estivesse naquele parque antes. O que seria uma visita rápida por cada brinquedo foram convertidas em horas, a quaresma terminou e não cheguei a metade do catecismo ainda. Parece-me que esse parque ainda tem muito o quê ser explorado, esse propósito de quaresma parece que perdurará pelo ano inteiro. Conclusão,

Mesmo que já conheçamos as coisas, não sejamos arrogantes. Não é porque já conhecemos algo (ou até mesmo alguém) que devemos nos sentir no direito de dedicar menos tempo ou menor atenção, nada naquilo (ou em alguém) pode ter mudado, mas nós mudamos todos os dias e com a nossa mudança a maneira como percebemos, até os menores detalhes, também muda e pode nos surpreender (Mt 13, 55).

Durante essa quaresma, vivemos um período de quarentena, o isolamento social não permitiu que eu saísse as ruas para práticas de obras de caridade da maneira como eu havia planejado. Não estive em nenhum orfanato, não fui a nenhum asilo, tão pouco a algum hospital. Com tantos lugares fechados ao público minha principal ação de caridade se resumiu a enviar dinheiro para algumas pessoas da minha família, que devido a quarentena ficaram sem trabalho e sem fonte de renda. Conclusão,

Não é preciso fazer um grande esforço para exercer a caridade, por vezes buscamos em um lugar tão longe e de difícil acesso um necessitado para chamar de “nosso”, para exercer uma caridade que nos enche a alto estima antes de nos esvaziar a soberba da alma, mas o Cristo nos chama bem do nosso lado para algo mais suave e sincero (Lc 10, 36).

Outras grandes pequenas coisas aconteceram durante essa quaresma, talvez eu as comente por aqui no futuro se o tema for propício, mas por hora, “o que sua mão direita faz que a sua esquerda não saiba” (Mt 6, 3) então guardarei só para mim. Mas escrevo-lhes essas coisas porque sei que em algum lugar existe gente como eu, que sempre espera desse tempo propício da Igreja grandes mudanças, grandes realizações e grandes marcos. As vezes eles acontecem, as vezes não, a única grande garantia que temos da quaresma é o grande amor de Jesus por nós.

Por isso se olharmos com cuidado para os pequenos fatos da vida, podemos ir juntando as conclusões do dia a dia durante a quaresma e ao chegar na Páscoa dizer que não temos nada para contar, exceto que Cristo ressuscitou então “não me falta coisa alguma” (Sl 22).

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graças, Paz e Misericórdia.

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