O CELIBATO CRISTÃO: UM CASAMENTO CELEBRADO NO CÉU 
O CELIBATO CRISTÃO: UM CASAMENTO CELEBRADO NO CÉU 

O CELIBATO CRISTÃO: UM CASAMENTO CELEBRADO NO CÉU 

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O celibato para o Reino significa “o homem ressuscitado, atrás do qual se revelará (…) o significado esponsal irrestrito e eterno do corpo glorificado, na união com o próprio Deus”. João Paulo II (24.03. 1 982).

Acabamos de olhar brevemente para nossa origem, história e destino, a fim de responder à pergunta: “Que significa ser humano?” Passemos agora para a segunda metade da teologia do corpo de João Paulo II, para responder à seguinte pergunta: “Como preciso viver minha vida para encontrar a verdadeira felicidade?” Noutras palavras, voltando à nossa imagem favorita, depois de colocar mais ar em nossos pneus, para onde iremos? O Papa responde em termos de vocação de vida. 

“A revelação cristã – explica ele – reconhece duas formas específicas de realização completa da vocação de amor do ser humano: matrimônio e virgindade ou celibato. Tanto uma quanto a outra, em sua forma própria, representa a realização da verdade mais profunda a respeito de o homem ter sido ‘criado à imagem de Deus’” (FC n. 11). Aqui, nesta etapa, ele considera a vocação celibatária. Uma vez mais, inicia com as palavras de Cristo. 

EUNUCOS “POR CAUSA DO REINO DOS CÉUS” 

Quando Jesus restabeleceu o matrimônio indissolúvel, de acordo com o plano original de Deus, seus discípulos (como tantos ainda hoje) concluíram que, sendo assim, melhor seria não casar (cf. Mt 19,10). Em resposta à sua observação crítica, Jesus leva a discussão a um plano bem diferente: “Há eunucos que o são desde o ventre de suas mães; e há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens, e há eunucos que a si mesmos se fizeram assim por amor ao reino dos céus” (Mt 19-12). 

Eunuco é alguém fisicamente incapaz de ter relações sexuais. Na tradição cristã, porém, um eunuco “por causa do reino dos céus” é alguém que, livremente, se abstém de relações sexuais, numa como antecipação daquele estado em que os homens e as mulheres “não se casam nem se dão em casamento”. O celibato pelo Reino é portanto um “sinal de que o corpo não tem como fim último a sepultura, mas está destinado à glorificação”. É “um testemunho, entre os homens, que antecipa a ressurreição futura” (24.03.1982). Em certo sentido, o homem e a mulher celibatários vão além das dimensões históricas – embora vivendo na história – e proclamam ao mundo que “o reino de Deus está aqui” e que o casamento último chegou. 

O celibato cristão, portanto, não é uma rejeição da sexualidade. Ele nos indica a finalidade e o sentido últimos da sexualidade, razão pela qual “os dois tomam-se uma só carne”. Como? São Paulo explica: homem e mulher tornam-se uma só carne como um sinal ou “sacramento” da união eterna de Cristo com a Igreja (cf. Ef 5,31-32). Os celibatários por causa do reino “passam por cima” do sacramento do matrimônio terreno, e antecipam a realidade celestial, isto é, o “casamento do Cordeiro”. Se “não é bom que o homem fique sozinho”, o celibato cristão revela que a plenificação máxima da solidão só pode fundar-se na união com Deus. Por isto a pessoa celibatária opta livremente pela “dor” da solidão nesta vida, para consagrar todos os seus desejos àquela união, a única capaz de satisfazer. 

Infelizmente, a palavra “celibato” não expressa usualmente o seu profundo significado. É uma palavra negativa, pois só diz o que essas pessoas não fazem. “Eunuco” tem conotações ainda piores. Definiríamos melhor essa vocação dizendo o que ela abraça e antecipa, ao invés de falar do que ela priva. Ela abraça e antecipa o “matrimônio celestial”. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.

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