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Neste contexto é importante entender bem o ensinamento de São Paulo, na Primeira Carta aos Coríntios, cap. 7, a respeito de matrimônio e celibato. Segundo ele, os que “não conseguem guardar a continência, casem-se. É melhor casar-se do que arder em desejo” (v.9). Será então o matrimônio – perguntamos – somente para os que não “aguentam” o celibato? Será que o casamento, de uma hora para outra, pode livrar alguém da sua falta de controle sexual? Não é bem assim, conforme João Paulo II.
Não se pode – adverte ele – interpretar as palavras de Paulo separadamente daquelas de Cristo sobre a luxúria. A expressão “arder em desejo” não significa outra coisa que luxúria. “Casar-se” significa a ordem ética, isto é, o chamado a dominar a luxúria, que São Paulo, conscientemente introduz nesse contexto (cf. 01.12.1982). Conforme o Papa o apóstolo parece estar dizendo mais ou menos o seguinte: “É melhor superar a luxúria através da graça do matrimônio, do que permanecer mergulhado em suas chamas”.
O Papa reconhece que São Paulo, em I Cor 7, fala em casamento e celibato, num estilo “todo próprio dele” (23.06.1982) sem deixar totalmente de lado “suas acentuações pessoais” (14.07.1982). Ele até pergunta se as declarações do apóstolo não deixam transparecer uma “aversão pessoal” ao matrimônio. Tomados fora de contexto, os versículos 1 a 27: “É bom para o homem abster-se de mulher” (v.1); “gostaria que todos fossem (celibatários) como eu… (v.7).”; “não procure ligar-se a alguma mulher” (v.27) – podem levar a pensar nisto. Mas uma leitura atenta de todo o texto – diz ainda o Papa – leva-nos a uma conclusão diferente.
São Paulo combate diretamente a falsa ideia que então circulava entre os habitantes de Corinto: que o matrimônio e a união sexual eram pecaminosos. O matrimônio é um “dom especial de Deus” (v.7). Os esposos “não devem recusar-se um ao outro, a não ser de comum acordo e por algum tempo” (v.5). E chega a elogiar “aquele que se casa com sua amada, (pois) ele está agindo bem” (cf. v.38).
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.