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Por causa da luxúria que campeia em nosso mundo decaído, a nudez é muitas vezes associada a tudo o que não é santo. No começo, porém – segundo o Papa -, foi a nudez que revelou a santidade de Deus ao mundo visível. A santidade de Deus é o seu eterno mistério de amor que se doa – o “intercâmbio de amor” entre Pai, Filho e Espírito Santo. A santidade humana, por sua vez, é o que “capacita o homem a expressar-se profundamente com seu próprio corpo (…) precisamente através da “sincera doação” de si mesmo” (20.02.1980).
O Papa recorre aqui a outra passagem favorita do Vaticano II: “O homem só pode descobrir plenamente seu verdadeiro eu na doação sincera de si mesmo” (GS n.24). Noutras palavras, só conseguimos descobrir “quem somos”, amando como Deus ama. Este é o mandamento novo de Cristo: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15, 12). E como nos amou Cristo? Lembre suas palavras na última ceia: “Isto é meu corpo, que é dado por vós” (Lc 22,19). O amor é sumamente espiritual. Mas, segundo o próprio Cristo demonstra, ele se expressa e se realiza no corpo. De fato, desde o início Deus gravou em nossos corpos – em nossa sexualidade – o chamado ao amor divino.
Em sua nudez, o primeiro homem e a primeira mulher descobriram aquilo que o Papa denomina “o significado esponsal do corpo”. O amor nupcial (podemos também chamá-lo de amor matrimonial, amor esponsal ou amor conjugal) é o amor da total doação de si mesmo. O significado esponsal do corpo é, portanto, a sua “capacidade de expressar o amor: precisamente aquele amor no qual a pessoa se torna um dom e através desse dom realiza o verdadeiro significado de seu ser e de sua existência” (16.01.1980).
Se você está procurando o sentido da vida, saiba que, de acordo com João Paulo II, ele se encontra impresso ali mesmo em seu corpo, em sua sexualidade! A finalidade da vida consiste em amar como Deus ama, e é isto que seu corpo como homem ou como mulher o chama a fazer. Pense desta maneira: tanto o corpo do homem como o da mulher não têm sentido por si só. Mas, vista à luz de um para o outro, a diferenciação sexual revela o plano inequívoco de Deus, isto é, que o homem e a mulher foram feitos para serem um dom de um para o outro. E não só isto: a sua mútua doação (no curso normal dos acontecimentos) desemboca num “terceiro”. Conforme o Papa, o “conhecimento” leva à geração: “Adão conheceu sua mulher e ela concebeu” (Gn 4,1).
Paternidade e maternidade “coroam” e revelam plenamente o mistério da sexualidade. A primeira orientação de Deus, no Gênesis: “Sede fecundos e multiplicai-vos” (Gn 1,28), não é mera imposição para a propagação da espécie. É um chamado para amar à imagem de Deus e assim “realizar o sentido próprio do nosso ser e da nossa existência”.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.