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Nós cristãos estamos acostumados a escutar que o perdoar é um ato de amor. Como você compreende essa frase? É um ato de amor consigo ou com o próximo? Na verdade, é um ato de amor que parte de um cuidar de si e buscar amar o próximo. Então podemos dizer que o perdão deve ser praticado por todo o cristão, mas também é de suma importância para a nossa saúde mental.
Mas trago uma reflexão e peço que questionem a si mesmos, como praticar o perdão em um mundo tão violento, agressivo, cheio de ódio, onde palavras que muitas vezes são ditas, acaba nós machucando e fazendo com que criemos um sentimento de vingança, de raiva, de dor!?
É verdade que não é fácil perdoar, mas temos que compreender que o perdão é um processo longo, que vai muito além do apenas pedir desculpas, dizer perdão e de esclarecer as coisas das quais causaram mágoa.
Imagino que deva ser fácil amar aqueles que nos amam, mas pense como é difícil amar aqueles que nos causam dor, que em algum momento da nossa vida machucou com palavras ou ações. Eis a grande dificuldade de viver a seguinte frase:
“Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” .
(Lc 11, 4)
Vivemos na igreja e mesmo assim não praticamos aquilo que pedimos nas orações. Estamos aprendendo da palavra diariamente e não conseguimos conforme os ensinamentos reconhecer que precisamos perdoar verdadeiramente. Na caminhada da vida cristã, aprendemos que o perdão começa pelo coração, mas para que assim o coração perdoe ele precisa estar limpo das dores que o ressentiu.
Sabiam que a incapacidade humana de perdoar causam infelicidade, inquietude e as vezes até depressão, além de não ser bom para a nossa qualidade de vida. É verdade que a palavra perdão na sociedade gera diversas reações, desde pessoas que praticam e dizem sentir alívio, paz, sossego, até pessoas que falam que é difícil perdoar, que o sentimento de dor é maior ao ponto de não conseguir perdoar e muitas das vezes não buscam o perdão por suas próprias ações.
A senhora Graça Machel, viúva de Nelson Mandela, afirmou na conferência da série Fronteiras do Pensamento 2019 que,
“Perdoar não significa necessariamente esquecer. É preciso manter vivas as lições do passado para que o mal não seja retomado”.
Graça Machel
E é verdade que ao aprendermos a perdoar, não significa que iremos aceitar ou esquecer as ofensas, ou ações que foram praticadas para conosco, mas é aprender também que devemos lidar com as emoções negativas que a falta do perdão nos causa. O perdão é um processo gradual tanto na perspectiva espiritual como também na perspectiva mental, praticá-lo tem como objetivo cessar os ressentimentos, buscar a paz, reconhecer as falhas que cometemos, resolver os conflitos e as desavenças que temos.
Perdoar a si mesmo começa pelo processo introspectivo, de tornar consciente dos nossos atos e assim assumimos a mudança que é necessária para não cometer o erro novamente, bem como aprendemos nesse processo a como perdoar o próximo por ações semelhantes a nossas.
Tem pessoas que conseguem perdoar-se de maneira mais fácil e outras nem tanto, isso por causa de certos aspectos da personalidade humana. Pessoas que tem alto nível de autoestima, satisfação com a vida e bem-estar psicológico tem mais facilidade para perdoar a si e aos outros. Já pessoas que tem níveis baixos de autoestima, sentimento de culpa, ansiedade, depressão entre outros, tendem a não se perdoar facilmente.
Não existe fórmula ou receita de bolo para o processo de perdoar a si e ao próximo, mas há alguns caminhos que podemos praticar nesse processo, como reconhecer o dano que causamos com nossas ações; analisar o nosso comportamento e o que levou a cometê-lo; pedir perdão as pessoas das quais ferimos; e principalmente buscamos mudar nosso comportamento para evitar essas situações.
As cicatrizes podem ser profundas e não há facilidade nesse processo, porém, o ato de perdoar é necessário para vida espiritual, como também a sua busca faz bem a nossa saúde mental.
Percebam Deus nos pequenos detalhes
Graça, Paz e Misericórdia.