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Existe em nosso tempo uma tendência de especialização profissional que embora para muitos setores e atividades eles façam sentido e sejam benéficos, acabou criando também alguns comportamentos distorcidos na sociedade em geral, atividades que outrora eram inerentes a pessoa humana, hoje são colocadas como tarefa dominada por poucos. Enquanto a extração de um dente siso cabe a um cirurgião dentista e o preparo do pão cabe ao padeiro, educar filhos deveria caber aos pais, pois embora haja uma variedade de especialistas dispostos a dizer o quê é bom ou ruim na criação de um filho, como diria a minha irmã,
“Cada criança é única e se o filho é seu você tem a obrigação de educar e direcionar ele no caminho certo”.
Minha irmã
Esta semana celebramos a memória de dois grandes santos da Igreja, na quarta-feira (25/08/21) celebramos São Luís IX, também conhecido como São Luís de França. E hoje, sexta-feira (27/08/21) celebramos Santa Mônica. A história desses dois santos de Deus nos ensina claramente a responsabilidade inerente aos pais quando se pensa na educação dos filhos.
São Luís IX fora batizado logo quando criança e desde seus primeiros anos foi educado e instruído na fé, a rainha-mãe, Branca de Castela desde cedo lhe providenciou professores e instrutores dignos e acompanhava o crescimento do filho na fé. Tendo sido coroado após a morte de seu pai quando tinha 12 anos, seu reino foi regido por sua mãe até que ele completou 21 anos e passou a reinar. Mesmo sendo rei, já em sua fase adulta continuou como um homem humilde, constante na oração e nas obras de caridade, sua participação na Santa Missa era diária a ponto de ser provocado pelos nobres de sua época a respeito do tempo que perdia em orações, mas a eles sua resposta era,
“Se eu dedicasse tempo dobrado para os jogos ou para a caça, ninguém repreenderia!”
São Luís IX
Como um verdadeiro cristão buscava praticar com afinco a fé que recebeu e sua história o distancia de muitos reis da França e da Europa, por suas práticas, pois praticava o que aconselhava,
“Não tiremos o bem dos outros nem sequer para o dar a Deus”.
São Luís IX
Muitos santos podem ter sua conversão repentina, fruto de um chamado de Deus, mas o chamado de Deus que São Luís recebeu para a santidade foi feito por meio do seio familiar na educação desde a infância, ele não se tornou santo da noite para o dia, ele foi “construído” santo, da mesma forma que foi instruído rei, desde sua infância na igreja doméstica.
Não diferente de São Luís, Santa Mônica também nasceu em uma família cristã, esta no norte da África onde cresceu, foi entregue por sua família em casamento para um jovem chamado Patrício, como era o costume da época. Santa Mônica foi uma forte intercessora, vivendo em constante oração por seu marido que era pagão e muitas vezes violento, e por seus três filhos.
Muitos olham para a história de Santa Mônica como sendo a mãe de Santo Agostinho ou como uma pobre jovem que foi casada contra a vontade com um homem violento. Mas para compreender melhor o contexto em que Santa Mônica viveu é preciso compreender por que uma família cristã entrega sua filha em casamento para um pagão e porque seus filhos eram pagãos, muito embora Santa Mônica fosse uma mulher de oração.
Na época em que Santa Mônica viveu, quando alguém cometia um pecado mortal a absolvição não era conseguida tão facilmente como nos dias de hoje, eram imputadas pesadas penitências para que a absolvição fosse dada, longos períodos de jejum, peregrinações a pé, auto flagelo, lutar em guerras, longos períodos de silêncio, entre outras. Por isso, muitos cristãos decidiam não batizar seus filhos, deixando para receber o sacramento do batismo na hora da morte, já que através do batismo todos os pecados seriam apagados sem a necessidade de realizar as penitências.
Já nos alertou o Senhor sobre os efeitos da dureza de nossos corações (Mt 19, 8), um único hábito que era para a época culturalmente aceito acabava se transformando em uma vida de erros acumulados, lembre-se que isso acontecia na época de Santa Mônica que viveu entre os anos de 332 – 387 d.C. então quando alguém disser a você que não se batiza criança ou que vai esperar o filho crescer para ele escolher se quer seguir a fé ou não, tenha certeza que essa não é uma ideia moderna e nenhum pouco original, apenas os velhos erros se repetindo.
Santa Mônica com muita oração e penitência alcançou a graça da conversão de sua família, ela que motivou a marcante frase de Santo Ambrósio,
“Continue a rezar, pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”.
Santo Ambrósio
Não deve ter sido atoa que mais tarde, seu filho Agostinho, tenha se tornado grande, reconhecido e celebrado pela Igreja como doutro e Santo, ele mesmo nos ensina que,
“Deus não permitiria um mal se não soubesse tirar dele um bem maior”.
Santo Agostinho
Do erro de postergar o batismo e viver uma vida no paganismo como era comum na época, Deus tirou o clamor de Santa Mônica e desse clamor, Ele não desprezou as lágrimas de uma mãe e ainda nos presenteou com Santo Agostinho.
O quê a rainha-mãe Branca de Castela e Santa Mônica tem em comum além do forte amor a Deus? Um forte compromisso com suas famílias, com a educação de seus filhos, com a conversão e salvação de suas almas.
Não por acaso antes de morrer Santa Mônica disse ao seu filho, na época já convertido,
“Uma única coisa me fazia desejar viver ainda um pouco, ver-te cristão antes de morrer”.
Santa Mônica
Foi por esta razão que mais tarde, Santo Agostinho escreveu a seu respeito,
“Ela me gerou seja na sua carne para que eu viesse à luz do tempo, seja com o seu coração para que eu nascesse à luz da eternidade”.
Santo Agostinho
Essa precisa ser a realidade de toda família cristã, aqui não desmereço os psicólogos, assistentes sociais, sociólogos, pedagogos, e afins que decidiram ser especialistas em criação de filhos, a ajuda de todos eles é bem vinda, mas para uma família santa, é preciso um elemento a mais e se um especialista tem seu mérito muitas vezes medido por quantos títulos ele tem, por a quantos anos ele exerce o seu ofício, por quantos trabalhos bem sucedidos ele realizou e até onde ele estudou, deixo aqui a minha indicação de quem toda família cristã precisa consultar.
São mais de dois mil anos de experiência em educação familiar, com títulos de doutores em todas as áreas do conhecimento, milhares de exemplos de vida em santidade, teve, tem e terá como mestre o único que é infalível Jesus Cristo. Antes de tudo, conheça e aprenda o que a Santa Mãe Igreja considera uma boa criação.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.