Sobre a epifania
Sobre a epifania

Sobre a epifania

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Ontem, dia 6 de janeiro, a igreja celebra a grande festa da epifania do Senhor, o momento da revelação de Deus a todas as nações e povos do mundo, em especial representado pelos três reis magos que guiados pela estrela chegam para reconhecer, presentear, submeterem-se e adorar ao Deus menino.

Ontem eu não conseguir escrever o sobre, muito embora o tema já estivesse definido, sempre que iniciava me perdia nos mais diversos percalços que foram desde escrever sobre o que os muitos Santos e doutores da igreja já escreveram a respeito, copiá-los eu não iria, acrescentar ao que eles falaram menos ainda. Até o fato de me perceber escrevendo sobre algo completamente diferente, então depois de muito tentar discernir que não era o momento. 

Dado por vencido, às 19:30h fui a casa da minha irmã, lá me sentei no sofá para brincar com minha sobrinha de vestir as bonecas com os vestidos que ela orgulhosamente me mostrava e afirmava ter ela mesma costurado.

Foi aí que meu sobrinho teve outra ideia, sentamo-nos no chão para brincar de corrida do tubarão, caso você não saiba o que é, você desenha um tubarão na sua mão e tenta pegar os carrinhos que a criança vai jogando na sua direção. Se você segurar um carrinho o tubarão venceu, se o carrinho passar por você então o carrinho venceu.

Lá no chão vestindo bonecas com a mão direita e devorando carrinhos com a mão esquerda, minha irmã me olhou e disparou.

“Está com a mão boa né!?! Quer cortar meu cabelo?” 

Levantei do chão e fui cortar o cabelo dela, com o olhar atento dos meus sobrinhos que já planejavam seus próprios cortes. Ela queria um corte igual ao cabelo da Mônica, enquanto ele queria um corte igual ao do Cebolinha, para o susto da minha irmã que foi logo cortando as ideias deles e dizendo que não, nenhum dos dois iria cortar o cabelo.

Meu cunhado chegou em seguida, pegamos as bicicletas e fomos à feira juntos. Compramos legumes, hortaliças e frutas. Dentre elas, carambola que meus sobrinhos nunca tinham provado e tiveram a experiência naquela noite, (caso você não saiba o quê é carambola clique aqui) se eles gostaram? Sinto dizer que ela não, mas ele devorou com a minha irmã. 

Toda essa aventura aconteceu num curto espaço de tempo, às 21:30h eu estava de saída voltando para casa. E hoje eu voltei a pensar sobre a epifania do Senhor, sobre a jornada dos três Reis Magos. Eles eram reis, não precisavam viajar até Jesus para que suas vidas fossem boas, tão pouco precisariam fazer isso sozinhos, mas o fizeram. 

Os presentes que eles oferecem são aceitos, não por necessidade, mas pela caridade Divina, aceitam naqueles presentes materiais a imaterialidade dos corações que reconhecem no menino o Senhor dos senhores, o Rei dos reis. Enquanto os Reis Magos tendo a ciência de que a oferta feita é fruto da humildade, pois poderiam ofertar mais se assim Deus o pedisse, assim como a certeza de que Deus proveria a Sagrada Família muito melhor do que eles um dia poderiam ofertar se Ele assim julgasse necessário.

Pensando nisso transportei minha memória para o ontem, eu poderia comprar um grande conjunto de brinquedos, carros, bonecas e roupinhas se assim eu quisesse, mas as crianças queriam era ter o tio sentado com elas no chão com pequenos vestidos costurados a mão e desenhos de tubarão feitos de caneta. Minha irmã poderia ir a um cabelereiro primoroso como o qual eu nunca serei, mas ela queria a antiga diversão de poder fazer isso com o irmão. 

Dessa forma é o nosso relacionamento com Deus, vamos a Ele sabendo que nada do que somos ou do que temos é grandioso diante Dele. Ele não nos recebe por nada disso, Ele assim o faz porque nos ama e nós quer ter por perto. 

Assim como o evangelho nos diz que os Reis Magos retornaram por outro caminho, pois ninguém vai até Jesus e volta para casa da mesma forma. Hoje eu acordei diferente, porque ninguém encontra Jesus no outro e acorda igual no dia seguinte.

Tal como os três Reis Magos, que possamos seguir a estrela que brilha e nos leva até Jesus, tendo sempre em vista o alerta feito por João.

Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas, entretanto, odeia o seu irmão, é um mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê.

(I Jo 4, 20)

Por isso sigamos firmes, pois quando não podermos ver o brilho da estrela a nos guiar no céu, com um coração atento podemos fazê-la brilhar no olhar no nosso irmão, com pequenos gestos, as vezes basta sentar-se no chão, pois se os Reis se prostraram para adorar o menino Deus que estava em uma manjedoura no meio do estábulo, quem somos nós para não nos inclinarmos em sinal de humildade?

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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