Certa vez um colega questionou-me o porquê de eu não consumir nenhum tipo de bebida alcoólica, o questionamento já foi feito com aquele costumeiro tom de crítica e reprovação que já estou acostumado a receber quando as pessoas me oferecem alguma bebida desse tipo e eu respondo que não bebo. Não satisfeito ele respondeu a própria pergunta com certo desdém dizendo “é por causa da igreja né”.

Não tive a oportunidade de responder, porque em seguida chegou uma amiga dele e eles começaram a conversar. Durante a conversa ele me apresentou a ela dizendo, “este aqui é o meu amigo que já descobrir que não bebe”, ela por sua vez sequer respirou e perguntou em seguida, “porque, você é crente?”.

Dessa vez eu tive a oportunidade de responder, então entrei na onda deles, a observei rapidamente e perguntei, “você é egípcia?” e ela supressa com a pergunta respondeu que não, então eu sorrir e perguntei “você é europeia?” e ela já demonstrando não entender o que estava acontecendo respondeu novamente que não e já foi perguntando o porquê de eu está fazendo aquelas perguntas. Eu sorrir amigavelmente para ela e respondi que eu não era sumério. 

“Espera, espera! Eu já não estou entendendo mais nada! O quê é um sumério?”

Essa reação dela era mais ou menos o que eu esperava, primeiro eu expliquei que ela estava usando um relógio, então pensei que ela pudesse ser egípcia porque o primeiro relógio do qual se tem notícias datava de aproximadamente 1500 a.C. nos povos egípcios. Como ela não era, pensei que ela pudesse ser de alguma região da Europa, já que ela tinha tatuagem e primeiro ser humano tatuado de que se tem notícias foi encontrado na região onde hoje é a Europa e datava de aproximadamente 3300 a.C., mas se ela não era egípcia e não era europeia, por que estava de relógio e tatuada? 

Ela me olhou sorriu um pouco envergonhada e depois disse, “desculpa, já entendi onde você quer chegar, desculpa”.

Embora depois desse começo bem atípico, ficamos conversando por horas naquele dia e até tivemos uma reflexão interessante sobre a liberdade individual e as escolhas que fazemos e três pontos dessa conversa fez com que ela tivesse um outro olhar a respeito do cristianismo em geral e por isso eu estou partilhando-os com vocês.

A escolha de professar a fé não é um ato meramente emocional e espiritualmente abstrato. Você só está integralmente professando a fé cristã, se você agir como um cristão, como já nos ensina o apostolo São Tiago, 

Tal como o corpo está morto se não há espírito nele, assim também a fé sem obras está morta”. (Tg 2, 26)

Podemos estar constantemente em oração, podemos ir à missa toda semana, podemos frequentar grupos de oração, mas sem a ação, sem o comportamento efetivo do ser cristão, não há uma fé completa, toda oração é bem-vinda e importante, mas sem a prática daquilo pelo qual oramos a Deus, as chances da nossa vida mudar e de sermos capazes de nos aproximarmos ou de ajudar alguém a se aproximar da santidade é praticamente nula. É por isso que a precisamos escolher professar a fé, porque não basta falar, precisamos agir da maneira que professamos. 

Agir como um cristão é essencialmente, buscar agir como Cristo. Como o próprio Jesus Cristo orientou, 

“Um novo mandamento dou a vocês: Amem-se uns aos outros. Como eu os amei, vocês devem amar-se uns aos outros”. (Jo 13, 34).

Assim como a fé é um conjunto de intenção e ação, o ser cristão é essencialmente a busca  de agir como Cristo. Essa é uma tarefa desafiadora pela própria natureza, deixar de lado os nossos extintos egoístas e amar como Cristo amou é ter em mente que se preciso for, devemos ofertar a nossa vida pelo próximo. É uma daquelas situações em que o vizinho não merece que você lhe dê um copo com água quando ele te pede, mas você na liberdade de poder lhe negar o copo com água o convida para tomar um banho de piscina. 

Amar é um verbo transitivo direto, logo expressa uma ação que não necessita de proposição, ou seja, não precisa de intermediário. Embora o amor também possa ser um sentimento, está equivocado o cristão que acredite que deve ter um bom sentimento pelo próximo e assim já está imitando a Cristo.

Jesus Cristo deixou o amor como um mandamento, se Ele está mandando, Ele está esperando uma ação de nós partindo da ordem que a nós foi dada, não qualquer ação, mas uma ação tal qual a ação Dele (Jo 13, 34). Precisamos sempre ter em mente que para sermos verdadeiramente cristãos, não precisamos sentir amor, como uma sensação ou sentimento abstrato, embora tal sentido seja bem-vindo o verdadeiro cristão precisar agir com amor e agir com amor da mesma maneira que Jesus agiu. 

Ouso dizer que essa ação é a parte mais difícil do ser de Cristo, mas ninguém disse que ser cristão era fácil, mas a boa notícia é que também não é obrigatório, a única e verdadeira obrigação do cristão começa a partir do momento em que ele professa a fé, se você escolhe professar a fé, não pode ser da boca para fora, você precisa estar pronto para se comprometer com tudo que você professou e em tentar agir e por em prática tudo aquilo. 

Mas caso vocês, assim como o meu colega, tenham ficados curiosos para saber o que tinha haver os sumérios com a história, é que os primeiros registros de uma bebida fermentada de cevada que era consumida em festas e deixa as pessoas mais alegres datam de aproximadamente 2100 a.C. na região da Suméria. E não, a Igreja Católica não proibi o consumo de bebida alcoólica, eu não consumo porque não gosto, apenas isso. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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