Sobre “novidades”
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Sobre “novidades”

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Esta semana me foi apresentada uma grande “novidade”, os pecados como conhecemos na verdade são uma invenção das igrejas neopentecostais para controlar as pessoas. A alguns anos atrás me contaram a grande “novidade” de que a renovação carismática católica havia inventado esses pecados todos e que antigamente a igreja não era dessa forma, dessa vez a grande “novidade” é ainda a mesma, mas a autoria da invenção mudou, agora a culpa por termos de nos preocupar com tantos pecados é das igrejas neopentecostais.

Com todo o respeito que tenho a RCC e aos irmãos cristãos neopentecostais, é importante deixar claro que nenhuma novidade existe nesse tipo de teoria, que à primeira vista parece sem sentido, mas tem todo um sentido aí. 

Primeiro, vamos fazer uma visitinha a um texto datado aproximadamente do ano de 49 d.C. 

“São bem conhecidas as obras da carne: fornicação, libertinagem, devassidão, idolatria, feitiçaria, inimizades, contendas, ciúmes, iras, intrigas, discórdias, facções, invejas, bebedeiras, orgias, e coisas semelhantes a estas. Eu vos previno, como aliás já o fiz: os que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus”

(Gl 5, 19 – 21)

É gente, se tudo que Jesus falou e ensinou não for o suficiente para entendermos que sim nós somos pecadores e precisamos nos arrepender, crê no evangelho e buscar a santidade, talvez o apostolo Paulo tenha sido um dos primeiros a inventar novos pecados poucos anos após a ressureição de Cristo e se olharmos com cuidado, os pecados que ele “inventou” vem sendo reprisados por variais igrejas até os dias de hoje.

A concepção do pecado como tal já faz parte da tradição da igreja e não tem nenhuma ideia nova nisso, até porque a igreja católica não se fundamenta em novas ideias de nenhum homem, mas sim no sagrado magistério, na sagrada tradição e na sagrada escritura, os três pilares que estão fundamentados em Cristo. Então de onde vem essa ideia que se fantasia de novidade? 

A sua real origem eu não sei, mas posso descrever para vocês a utilidade dela. Para nós crentes que vivemos a fé essa “novidade” é uma armadilha perigosa, para corações menos fervorosos e mentes menos instruídas é a porta de entrada para muitos erros e pecados que são apresentados como normais e aceitáveis, infelizmente em muitas igrejas se tem a ideia de que falar sobre pecado é algo arcaico, uma herança da era medieval que precisa ser deixada de lado. Mas aqueles que realmente forem estudar a idade média, principalmente na Europa, vão descobrir que a idade média foi um período de muita permissividade.

Mas enquanto para nós crentes essa dita novidade é uma armadilha para nos afastar da fé, para aqueles que já estão distante da fé tem nessa ideia e em outras semelhantes uma poderosa armada para justificar suas ações abomináveis para qualquer cristão de bom senso, mas também para atacar os cristãos e a igreja.

Além disso, existe uma parcela de pessoas entre nós, que se declaram cristãos, que frequentam a igreja conosco e afirmam abertamente viver a fé, mas fazem uso desse tipo de argumento para justificar seus próprios erros, criando uma igreja paralela onde tudo é relativo para favorecer seus próprio pecados. 

Esse tipo de “novidade” ressurgi sempre com um novo culpado para que ninguém precise se responsabilizar por seus atos, mas não se preocupem porque até essa ideia não é nova, pois quando Deus perguntou a Adão porque comeu do fruto ele culpou Eva, quando perguntou a Eva ela culpou a serpente (Gn 3) e desde lá continuamos demonstrando nossa herança do pecado original e evitando admitir os nossos próprio pecados. 

Pensando nesse tipo de coisa é que sugiro, sempre que chegar até você mais uma grande “novidade” como essa, pense bem a respeito, mas não gaste seu tempo pensando na novidade em si, mas sim no estrago que essa novidades pode fazer na sua caminhada de fé. Lembre-se que a verdadeira grande novidade de todas se fez homem e habitou entre nós escondido em um estabulo (Lc 2, 7), então quando essas grandes “novidades” chegarem até vocês a primeira coisa a fazer é suspeitar delas, pois as grandes “novidades” quase sempre existem para nos afastar da verdade, pois Deus nós podemos perceber mais facilmente nas pequenas coisas. 

Graça, Paz e Misericórdia.

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