
Na última quinta-feira (04 de agosto) foi o dia do padre, como de costume fazemos felicitações a tantos sacerdotes queridos que direta e indiretamente já contribuíram com esse longo caminho de conversão que um dia, sob a graça de Deus, há de se findar na vida eterna.
Fiquei navegando pelas redes sociais, que são hoje uma das nossas maiores praças de expressão na internet e duas coisas me chamaram a atenção.
A primeira foi o fato de pessoas que eu nem sabia que eram católicas desejando felicitações a padres, não que você precise ser católico para fazer isso. Mas descobrir que uma pessoa tem a mínima noção de catolicismo a partir da felicitação a um padre é um sinal inquietante.
Caso você pense que estou exagerando, mudemos os papéis e vejamos o que você acha. E se você visse postagens de uma pessoa (homem ou mulher, não importa) com certa frequência e nunca tivesse percebido que ela é casada, a pessoa nunca demonstrou nada que apontasse um compromisso sério com ninguém e por muitas vezes postasse coisas que indicassem o contrário.
Então em um único dia do ano, você está nas redes sociais e supresa, você vê uma postagem da pessoa dando felicitações ao cônjuge é assim você descobre que a pessoa é casada. Ainda parece normal para você?
O fato é que professar uma fé, também é um compromisso e esconder a fé católica é o mesmo que não vivê-la.
A segunda coisa que me chamou a atenção foi o fato de todos que postavam felicitações aos padres escolhiam fotos e vídeos do padre onde ele estava identificado. Você não precisaria conhecer quem postou e nem o padre em questão, você olharia para a foto e saberia, aquele é o padre. Seja por está paramentado, de batina, de casula, com clérgima. Muitos estavam em pregação, presidindo a Santa Missa, celebrando algum sacramento e até uma que me chamou bastante atenção de um padre varrendo a igreja, a final o Salmo 69 já nos indica,
“O zelo por tua casa me consumirá”
Sl 69
Até aqui você pode pensar, que não tem nada demais nisso e de fato não tem mesmo. Eu gosto de seguir padres, porque muitos deles tem conteúdos que são edificantes na fé, alguns pelas pregações, outros pelos conselhos, outra até pelas piadas que contam porque sorrir também edifica a fé.
Por isso, sempre que via um padre que não conhecia, abria o perfil para ver se ali haveria algum conteúdo que me interessasse, mas foi aí que encontrei um problema.
Não defendo que um padre vá deixar de ser padre se não estiver de batina, porém da mesma maneira que a imagem de um santo ou um sacramental não nos torna santos, mas é para nós um sinal de Deus que nos remete ao chamado a santidade, acredito que o hábito não faz o monge, mas o identifica. Pois como nos ensina Dom Justino, O.S.B.
“O hábito é a liturgia da rua. A pessoa que vê é obrigada a pensar em Deus”.
Dom Justino, O.S.B.

E essa realidade me chamou atenção, porque os perfis de muitos dos padres que acessei, só era possível saber que eles eram padres porque estavam marcados nas fotos do fiéis, pois em suas próprias postagens não. Alguns sequer se identificavam como padres em seus perfis.
Todos sabemos, mas não custa reforçar, padres não vestem só batina, claro que não. Mas se nas redes sociais está representada parte das nossas vidas, muitas vezes a parte que consideramos mais “legal” postar, onde está a vida sacerdotal de muito desses padres? Será que as fotos da cerveja na praia, do treino da academia ou das aulas de idiomas merecem mais espaço ou são simplesmente mais “legais” do que uma possível foto na igreja ou com o rebanho que lhe foi confiado?
Cheguei a conclusão de as duas situações são muito próximas, pois ambas se relacionam com uma ideia equivocada de que a nossa religião deve ser algo privado. Não é, Jesus deixou bem claro o que esperava dos seus,
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa-Nova a toda criatura!”.
Mc 16, 15a
Logo, como não podemos ser maridos ou esposas apenas na presença de nossos cônjuges. Assim como não podemos ser católicos só dentro do templo, ser igreja é agir conforme a Igreja em todo o lugar e a todo o momento. E com certeza, um padre não pode ser padre apenas dentro do templo.
Mas cuidado, antes de você sentir-se especial e sair observando quais dos seus colegas tem essa vida dupla entre ser católico e agir como se não fosse. Antes de apontar para o seu padre e ousar exigir dele uma postura diferente. Faça um exame de consciência mais profundo.
Busque viver a sua vida como um verdadeiro católico, acredite, em muitos casos você conseguirá mais conversões com o exemplo de sua vida do que com palavras inquisitórias e desaforadas. E se seu padre está numa situação parecida, eu lhe pergunto, você conhece a história de João Batista Maria Vianney?
Bom, ele converteu sua paróquia com oração e confissão. Então proponho um desafio, faça o mesmo enquanto fiel. Converta o seu padre rezando por ele diariamente e pedindo a ele o sacramento da confissão com frequência, evangelize o seus, aqueles que são próximos a você, para que façam o mesmo.
Com o tempo, pela ação da graça de Deus, nas longas filas de confissões que naturalmente geram longas filas de comunhão, surgirá um paróquia mais santa e pronta para ter ou para gerar padres mais santos.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.