A seis semanas atrás eu levantei cedo, convenci uma amiga que era uma boa ideia caminhar uma hora até uma igreja longe de nossas casas para uma missa dominical matutina. Entre os desencontros de chegarmos até lá, não fomos andando, mas retornamos. E essa poderia ser a história de hoje, uma história sobre o que aconteceu entre irmos e voltarmos.

Chegamos a igreja e como de costume sentamos para rezar e aguardar o início da santa missa. Pouco antes da missa iniciar, uma senhora chegou pela lateral, parou do meu lado e disse.

⁃ Você pode ajudar?

Uma senhora idosa para do seu lado na igreja e pergunta se você pode ajudar, uma série de possibilidades podem ser pensadas daí, eu pensei em muitas delas, mas não cheguei nem perto de adivinhar qual seria a ajuda que ela pediria. Apenas respondi que sim, poderia ajudar e completei minha fala perguntando com o quê? A resposta dela foi simples, rápida e precisa.

⁃ Carregando a cruz.

Ela respondeu segurando em meu braço e eu a seguir, ela me conduziu até a sacristia e olhando para dois senhores lá dentro disse sorridente.

⁃ Consegui um jovem rapaz que está disposto.

Naquele dia eu servir durante a missa literalmente carregando a cruz e outras coisas mais. Mas o que me chamou a atenção na época não foi a maneira providencial como Deus me colocou ali, mesmo a felicidade no olhar daquela senhora com o meu sim sendo radiante. O quê me marcou foi que daquele ponto do presbitério onde eu estava parado, eu olhei e vi uma igreja repleta de jovens de espírito mas que seus corpos já sentiam o peso da idade.

“Os jovens são o futuro da igreja”

“Os jovens precisam ser protagonistas”

“Os jovens precisam de mais autonomia na igreja”

São tantas as falas que destacam esses tais jovens na igreja, mas onde nós estamos?

Infelizmente eu sei onde a maioria de nós está. Pois nesse mesmo dia eu vi muitos jovens após a missa, a maioria deles do lado de fora, esperando para iniciar sua reunião. As mais variadas possibilidades podem ser justificadas daí, eles podem está na missa em outro horário é a que mais me chamou a atenção de todas as respostas que ouvi. Mas um fato incontestável é que não estavam na missa.

Queremos tanto espaço, para nossas ideias, para nossos grupos e movimentos, mas se os jovens são realmente o futuro da igreja, para uma parte dos jovens o futuro da igreja não passa pela santa missa.

Recordo-me das palavras do Papa Francisco na JMJ do Panamá “somos o agora” e o agora da igreja não pode ser primeiro o que acho divertido e depois o que Cristo confiou a cada cristão batizado.

Mas porquê estou escrevendo sobre isso agora?

A cinco semanas atrás, eu estava procurando uma igreja para viver a missa dominical, eu entrei em uma igreja e sentei. Não demorou muito e um senhor aproximou-se, eu pensei que ele desejava passar para sentar, mas ele segurou a minha mão e perguntou.

⁃ Já acolitou alguma vez?

Não esperava a pergunta e sequer compreendi bem de início e no reflexo respondi que não. Mas a frase que queria dizer era que não entendi, não deu tempo, ele pôs a mão em meu ombro e perguntou.

⁃ Mas gostaria de servir?

Algum católico tem coragem de dizer que não gostaria de servir a Deus? Tanto mais dentro da igreja? Espero que não. Ele me levou a sacristia, abriu o armário bem rápido, me entregou uma veste dizendo “veja se cabe”. Quando dei por conta estava no presbitério acendendo as velas, conferindo as leituras e arrumando a credencia.

Lembrei do que havia acontecido a uma semana atrás e percebi o mesmo, uma igreja repleta de espíritos jovens cuja a idade do corpo começa a pesar. Com uma diferença, não havia jovens do lado de fora.

Eles me adotaram e eu os adotei, outras quatro semanas de serviço depois e hoje o padre repentinamente se voltou para nós e agradeceu.

⁃ Obrigado por nos emprestar a força da sua jovialidade.

Não estamos na igreja para receber gracejos, nossa recompensa não é deste mundo. Aos meus ouvidos aquele agradecimento soo diferente, recordei-me das palavras do papa Francisco “jovens sois o agora” e resolvi passar por aqui para partilhar com vocês que nossas causas jovens são importantes, mas não podemos esquecer a quem precisamos e devemos entregar a força da nossa juventude.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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