Certa vez três sacerdotes estavam conduzindo um retiro para jovens, um franciscano, um dominicano e um jesuíta, quando inesperadamente faltou energia, com todo o local na escuridão os sacerdotes não desanimaram e continuaram a tocar o retiro em frente.

O franciscano aproveitou a oportunidade e realizou uma reflexão belíssima sobre a humildade e pobreza, tocando muitos jovens com o chamado a viver uma vida voltada a simplicidade. Quando terminou o dominicano tomou a palavra e realizou uma catequese profunda iniciando sua reflexão a partir da igreja primitiva que reunia-se em cavernas escuras, enquanto ressaltava o chamado a estudar e ensinar o sagrado, muitos jovens sentiram seus corações inflamados e convidados a fazer mais pela igreja. Quanto ele terminou, o jesuíta levantou caminhou até o quadro elétrico que estava no fundo da sala, destravou os disjuntores fazendo a eletricidade retornar e as lâmpadas do local se acenderem e por isso muitos deram graças.

Claro que esta é apenas uma história cômica que destaca, com certo exagero, características da espiritualidade dos franciscanos, dominicanos e jesuítas. Mas onde há bom humor e não há desrespeito, Deus ali também está.

Recentemente uma antiga conhecida encontrou em contato comigo dizendo que havia lembrado de mim após assistir a um comentário machista na televisão. E associou a um conselho que dei a ela a uns anos atrás sobre a ação pastoral. Tendo o fato acorrido a muitos anos não me recordada de como exatamente havia aconselhado, mas pelo contexto eu compreendi que se tratava de algo natural a ser aconselhado, sendo orientação da igreja e havendo documentos da igreja para nós dizer a maneira como fazer.

Mesmo assim, aquilo me incomodou um pouco, pois até então não tinha olhado para tal conselho como algo machista. Ao fazer meu exame de consciência percebi que orientação igual já tinha sugerido também a outros conhecidos, homens e mulheres, em situações semelhantes. Procurei um sacerdote para aconselhar-me e ouvir minha confissão e um de seus conselhos partilho aqui hoje.

“Na igreja existem muitas maneiras de expressar a fé, mas uma única fé. As orientações da igreja existem para serem seguidas, mas perceba o que Ele nos diz no evangelho de hoje. Ele deseja que sejamos sal, o sal muda o sabor das coisas e isso pode incomodar-nos um pouco as vezes. Mas o cristão incomoda mesmo, o nosso desafio é incomodar os corações e deixá-los inquietos, ao passo que não podemos permitir que nada além Dele incomode e inquiete o nosso”.

As diferenças que temos enquanto pessoas é o quê nos faz humanos, mas a unidade que temos diante da igreja nos faz católicos. Seja numa vida dedicada aos pobres, seja comprometido em aprender e ensinar as sagradas escrituras dia após dia, ou seja arrumando os disjuntores do quatro elétrico, todos ouvimos o mesmo chamado, o chamado a santidade que nos incomoda diariamente e faz com que desejemos incomodar o outro. Por isso deixo aqui o convite pada uma quaresma que já se aproxima, seja qual for a maneira que Deus te chamou a expressar a fé, durante a quaresma, que tal incomodar alguém?

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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