Se alguém nos pedir para falar sobre datas importantes da Igreja Católica durante o ano facilmente pensaremos no Natal e na Páscoa não por acaso, já que uma é a festa do nascimento de Jesus e o outra a Sua vitória sobre a morte. Se a pergunta for sobre períodos, possivelmente vamos lembrar com facilidade da Semana Santa, da Quaresmas ou do Advento. 

Na sexta-feira da Paixão eu estava na casa de meu padrinho/afilhado/compadre (sim somos tudo isso um do outro simultaneamente, mas isso é tópico para outra conversa) e dentre as nossas variadas conversas falamos sobre o período pascal e a conclusão da nossa conversa a respeito pode ser resumida em um trecho bem pequeno do nosso diálogo.

– O tempo da quaresma é menor do que o tempo da Páscoa, então mesmo o tempo de resignação e penitência sendo necessário, Deus nos quer mais tempo felizes com Ele.

– Verdade, o tempo da Páscoa vai até Pentecostes. 

– Infelizmente após o Domingo de Páscoa se esquece um pouco disso.

– Sim, se fala mais da Páscoa durante a quaresma, do que durante a própria Páscoa. 

– Até mesmo na Igreja, os padres não dão muita ênfase no período pascal, se fala um pouco no segundo domingo, depois some e lembra-se apenas lá na frente quando chega o Pentecostes.

Existe sim um dia todo especial para a Páscoa, o Domingo da Ressureição ou Domingo de Páscoa, mas na Igreja a Páscoa também é um período, período este que se compreende de 49 dias contatos do dia da ressureição do Senhor até o sábado que precede o dia de Pentecostes, onde o Espírito Santo desce sobre Maria e os Apóstolos. 

Esta semana que estamos vivendo é chamada de Oitava de Páscoa, trata-se da primeira semana após o Domingo de Páscoa, durante essa semana toda a liturgia é voltada para os últimos momentos de Cristo Ressuscitado com os apóstolos, onde Ele realiza aparições, passa seus últimos ensinamentos e instruções antes de acender aos Céus. Para a Igreja todas as bênçãos realizadas durante a oitava são bênçãos de Páscoa e por isso recomenda-se aos fiéis que as recebam abundantemente. 

Durante todo o período pascal até chegar o dia de Pentecostes a Igreja orienta que se viva com grande alegria as celebrações litúrgicas, relembrando a grande vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, por isso durante esse período o Círio Pascal é acesso em todas as celebrações, é comum a Igreja propiciar que os catecúmenos que estavam sendo preparados durante o período quaresmal recebam o sacramento do Batismo durante esse período e no caso dos jovens e adultos o sacramento da Confirmação ao final do período pascal. 

Mas se não estamos vivendo como deveríamos esse rico tempo oportuno da Igreja, o quê será que está acontecendo? 

Seria o comércio um vilão? Que transformou a Páscoa em mais uma simples data na qual consegue vender mais chocolate do que no restante do ano inteiro? Penso que não, é bom que o comercio consiga vender, talvez você não saiba, mas todos os anos a indústria do chocolate cria mais de 10 mil postos de trabalho para atender a demanda da Páscoa só no Brasil, são mais de 10 mil famílias que assim como eu e você podem ter um domingo de Páscoa de mesa farta. 

Seria o secularismos propagado pelos meios de comunicação que retiram o significado cristão de tudo e transformam em mais uma festa vazia e sem Deus no calendário? Talvez sim, mas penso que não. Antes da ressureição de Cristo a Páscoa já era uma data celebrada pelos Judeus e conhecida como a festa da libertação por celebrar a libertação dos hebreus da escravidão no Egito em 14 de Nissan do ano de 1446 a.c. Lembrando que no início da Igreja o cristianismo não era a religião predominante e por muito tempo nossas celebrações foram realizadas as escondidas, mas desde a ressureição do Senhor nossa Páscoa é Cristo Vivo. 

Mas então porque nossos 49 dias de período pascal andam sendo deixados de lado? Eu não tenho resposta para essa pergunta, mas tenho outras perguntas que podem se unir a essa nesse período pascal.

Com a mesma constância que você reclamou dos preços do ovos de chocolate e compartilhou nas redes sociais memes sobre o que dava para comprar com o mesmo dinheiro. Você também insistiu em casa para que todos lembrassem e cumprissem o preceito da Santa Missa? 

Com a mesma intenção de educar as crianças que você condicionou o fato de ganhar ovos de chocolate a tirar boas notas na escola ou a ajudar nas tarefas de casa, você também condicionou a um momento de oração em família, a agradecer a Deus pelas refeições e a rezar antes de dormir e ao acordar? 

Com o mesmo empenho que você passou a semana planejando um jantar especial no domingo para reavivar seu relacionamento (preencha o termo reavivar com o que você considerar um relacionamento vivo), você planejou um momento de oração com seu cônjuge na Sexta-feira Santa? Tentou estar juntos para viver um momento de jejum? A final, todo casal precisa de um momento a sós com Deus. 

Como eu disse, não tenho resposta para aquela pergunta, não sou capaz de apontar um culpado, mas sou capaz de encontrar a minha culpa, pois se na minha família, na minha paróquia, na minha vida passo despercebido pelo período pascal, a culpa também é minha. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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