O que você quer ser quando crescer? Existe uma grande chance de você ter feito ou respondido uma pergunta como essa, mas isso não é só uma simples pergunta que se faz para crianças e jovens e que vem se repetindo por gerações, é também uma expressão da nossa íntima preocupação com nosso futuro e com o destino em nossa curta passagem por essa terra.

Agora permitam-me tornar essa pergunta um pouco mais espiritual, como você quer demonstrar que ama a Deus quando crescer? Com essa abordagem para a pergunta talvez você não tenha se deparado com a mesma frequência e há um risco de você nunca ter refletido sobre isso antes. 

Mas não se preocupe, independente da idade que você tenha hoje, a pergunta ainda  é válida e você ainda é capaz de escolher. Embora você pode estar com a idade avançada, talvez casado, com filhos e por isso pense que não há mais tempo para você refletir e mudar algo na sua vida. Permita-me lhe dizer que você está errado, pois a palavra crescer nessa pergunta não é sobre idade, mas sobre maturidade. 

Ao falarmos de vocação associamos erroneamente a ideia de fazer a “simples” escolha entre a vida religiosa, a vida sacerdotal e a vida laical, sim a vocação perpassa por essa escolha, mas vai muito além disso, para compreendermos isso bem, precisamos voltar nosso olhar ao Concilio Vaticano II, onde foi proclamada a Vocação Universal a Santidade. 

Ao primeiro olhar, não há nenhuma novidade, durante os mais de dois mil anos de história a Santa Mãe Igreja já nos presenteou com os mais variados e inesperados tipos de santos, desde o início com escolha dos doze apóstolos por nosso Senhor Jesus Cristo (Mc 3; Lc 6), escolhas que foram consideradas escandalosas para a época e que a luz da verdade precisamos reconhecer que também seria escandaloso atualmente. Mas é fato que a Santa Mãe Igreja vem sendo a mesma desde seu início nos presenteando com santos jovens, adultos e idosos, homens e mulheres, ricos e pobres, casados e solteiros, sempre castos e de origem libidinosa, com as mais variadas formações e ofícios. 

Então o Concílio Vaticano II não trouxe novidade? Exatamente, nesse sentido, zero novidade, porque nenhum concílio apresentaria uma novidade para a Igreja, os filhos enquanto sucessores dos apóstolos, não trazem novidades para a sua Santa Mãe Igreja, apenas traduzem a luz do seu tempo o que a mãe sempre ensinou. Por isso, o Vaticano II nos coloca diante de uma verdade que não devemos esquecer, a nossa vocação é ser santo, é amar a Deus, como vamos viver a santidade e partilhar esse amor é a pergunta que podemos nos fazer.

Na sua liberdade de escolher, você pode ter a profissão que desejar, o formato de família que desejar e qualquer idade ao longo da sua vida, porque o que importa para Deus é o seu amadurecimento na fé, a maturidade de fé que nos coloca no caminho da santidade. Mas para sabermos se estamos no caminho certo, precisamos saber qual o nosso real destino, para isso precisamos responder a uma pergunta, o que é ser santo?

Para responder o que é ser santo, que deixar claro o que não é. Você que está lendo, muito provavelmente, assim como eu, não é santo. Mas mantenha a calma, isso não quer dizer que um dia não possamos chegar a ser e muito menos que nesse momento sejamos más pessoas. O católico médio, podemos dizer que é o católico que faz o mínimo, recebeu os sacramentos da iniciação cristão (batismo, eucaristia e crisma), vai a missa aos domingos, se confessa por ocasião da Páscoa ou quando sente necessidade, é um bom católico e um bom cidadão. 

Essa pessoa pela graça de Deus, tem grande chances de ser salva, mas ser salvo é muito diferente de ser santo. Vamos usar o jovem rico (Lc18; Mt 19) como exemplo, ele claramente é um bom homem, observador dos mandamentos e agradável aos olhos de Deus, assim como o nosso católico médio, tem chances de ser salvo. Mas não é santo. O que falta ao jovem rico e ao nosso católico médio é a mesma coisa, um desejo de ser perfeito como Deus é perfeito, um desejo de se unir ao Deus e segui-lo para onde Ele for. 

No caso do jovem rico era vender tudo e em um ato de caridade e entrega, distribuir aos pobres e seguir Jesus, no caso de milhares de católicos a expressão da caridade divina acontece de acordo com a vontade de Deus para cada um, cabe a todos nós termos esse destino como alvo e buscarmos avançar no caminho da caridade com Santo Agostinho ensinou e Santo Tomás de Aquino caridosamente sistematizou para nós na Secunda Secundae da Suma Teológica.

“Os diversos graus de caridade distinguem-se pelos diversos esforços aos quais o homem é conduzido para o progresso da sua caridade. Primeiramente, sua principal preocupação deve ser afastar-se do pecado e resistir aos atrativos que o conduzem para o que é contrário à caridade. E isso é próprio dos incipientes, que devem alimentar e estimular a caridade, para que ela não se perca. – Depois, vem uma segunda preocupação, que leva o homem principalmente a progredir no bem. Tal preocupação é própria dos proficientes, que visam sobretudo fortificar sua caridade, aumentando-a. – Enfim, a terceira preocupação é que o homem se esforce, principalmente, por unir-se a Deus e gozá-lo. E isso é próprio dos perfeitos, que ‘desejam morrer e estar com Cristo’.”

Assim, Santo Tomás de Aquino nos dá o mapa para o nosso destino, a santidade, seja ela no campo ou na cidade, no matrimônio ou no celibato, na juventude ou na velhice, no trabalho ou em casa, não importa onde, quanto ou como, a nossa vocação é a santidade de estar unidos a Cristo, a beleza do amor Dele por nós é que nos espera e nos aceita independente do que nós respondemos quando nos perguntam, o que você quer ser quando crescer? 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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