Sobre as vocações ordenadas

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Ao refletirmos um pouco sobre o que é vocação partimos da pergunta, como você quer demonstrar que ama a Deus quando crescer? E dela, chegamos ao discernimento da Santa Mãe Igreja de que todos somos chamados a vocação universal a santidade, independente de como decidamos vivê-la e demonstrá-la. 

E se você estiver considerando viver a santidade como um servo ordenado de Cristo? 

É comum sempre que pensamos em ordenação, pensarmos de imediato em um padre, mas os padres não estão sozinhos, junto àqueles que abraçam a santidade na vocação ordena também estão os diáconos permanentes, homens casados no sagrado matrimônio que oferecem sua vida e sua família a Deus e a Santa Mãe Igreja. 

Destaque no oferece sua vida e sua família, pois um homem não pode ser diácono permanente sem já ter assumido o compromisso do sagrado matrimônio e sem que haja autorização de sua esposa. A ordenação diaconal não envolve apenas a vida do homem que a recebe, mas de toda a sua família e a Santa Mãe Igreja em consciência disso, envolve-a nessa decisão de amor e serviço a Deus, ouso aqui afirmar que é de fato uma ordenação que expressa vivamente o que está escrito no livro de Josué. 

“Eu e minha casa serviremos ao Senhor!”.

Js 24, 15

E por isso, não deve ser nenhuma surpresa, que ao encontrar um diácono permanente exemplo de serviço e vida em santidade, possamos encontrar também uma esposa que possa oferecer o mesmo exemplo. Porque aos que desejam demonstrar seu amor a Deus e viver seu chamado a santidade dessa maneira, é preciso, antes, discernir bem o matrimônio, já que são matrimônios santos que fazem brotar diáconos santos. 

Santos como São Lourenço, diácono e mártir, são inspirações para aqueles que desejam seguir a vocação diaconal. São Lourenço dedicou sua vida ao serviço dos pobres e necessitados, distribuindo os bens da Santa Mãe Igreja entre eles. 

Quando ameaçado e obrigado a entregar os bens da Igreja ele declarou, “os pobres são o tesouro da Igreja”, enfatizando a importância do serviço altruísta aos menos afortunados. Sua caridade e devoção ao serviço foram marcantes, mostrando que a vocação diaconal é uma resposta ao chamado de servir com humildade e amor.

É possível que na sua paróquia não tenha diáconos permanentes, mas padre com certeza ela tem, embora ouçamos com certa frequência que as vocações sacerdotais estejam em declínio e que os seminários estão vazios, o que infelizmente em muitos casos é verdade, uma outra coisa também é verdade, em países onde existe liberdade para a Igreja evangelizar, não faltam padres, pode não haver um número que o nosso olhar humano considere ideal, oxalá houvesse muitos mais, mas Nosso Senhor Jesus deixou-nos claro que nosso dever é rezar por esses poucos que atendem o chamado. 

“Grande é a messe, mas poucos são os operários. Rogai ao Senhor da messe que mande operários para a sua messe”.

Lc 10

Nossa constante oração para aqueles que abraçam o chamado a servir nessa messe é parte importante da sustentação da vocação de um sacerdote, antes mesmo daqueles que escolhem buscar a santidade nessa vocação chegar ao divino ofício do altar, nossas orações já são para eles refúgio, isso porque muita coisa é vivida antes da ordenação, tem a caminhada vocacional, os anos de seminário, a filosofia, a teologia, o serviço pastoral e muitas outras coisas pelas quais esses servos precisam passar antes que possamos a eles nos dirigir com o devido respeito e pedir. 

“Sua benção, padre“.

Se você sente o desejo de ser padre, ou mesmo tem curiosidade de como poderia ser, converse com seu pároco sobre isso, ele, melhor do que ninguém, saberá direcionar sua curiosidade e/ou seu desejo pelo sacerdócio em um caminho de santidade. E a maioria de nós, que não sentimos esse chamado, fica sempre a responsabilidade da oração por esses homens escolhidos por Deus para nos conduzir aos céus, pois para cada padre que busca a santidade, existe um povo separado por Deus para com ele trilhar esse caminho. 

Precisamos amar os nossos padres, como o grande santo e exemplo de sacerdote São João Maria Vianney, que ressaltando a centralidade do sacerdote como um instrumento do amor e da misericórdia divina ensina que “o sacerdote é o amor do Coração de Jesus”.

Ele que muito demonstrou isso com sua vida, guiada pelo profundo amor pela Eucaristia e sua devoção ao sacramento da reconciliação, com os quais guiava os fiéis no crescimento espiritual e na busca de Deus.

Deus confia ao sacerdote os fiéis que Ele deseja que seja por ele guiado aos céus e confia uma parcela ainda maior de fiéis a seus bispos, lhe atribuindo maior autoridade e responsabilidade sobre eles. Por isso, pode-se dizer que o padre é um homem separado dentre os homens e ungido por Deus para guiar seu povo e um bispo é um padre separado dentre os padres para ir além, numa vida de responsabilidade particular com a Igreja de Cristo como sucessor direto dos apóstolos. 

Enquanto o diácono permanente junto com sua família e o padre oferecem seu sim a Deus e a sua Igreja, o bispo vai além, pois no terceiro grau da ordem não basta oferecer o sim, é preciso que a Santa Mãe Igreja o convide a ofertar esse sim, pois muitos são chamados a serem padres, mas poucos são escolhidos para serem bispos (desculpe o trocadilho com a passagem da sagrada escritura). 

Na história da Igreja, muitos são os bispos que chegaram à glória dos altares por seu exemplo de vida e santidade, mas entre os meus favoritos está Santo Agostinho de Hipona. Sua busca intelectual pela verdade, expressa em suas obras teológicas, influenciou profundamente a doutrina católica e nos aponta a verdade eterna até os dias de hoje. Além de demonstrar a importância de liderar a Igreja com sabedoria e zelo, enquanto buscava a unidade da fé e a promoção do amor ao próximo. Com as palavras do próprio Santo Agostinho,

“Compreendi que a fé é a virtude pela qual cremos no que não vemos, e suas recompensas estão naquilo que desejamos possuir eternamente”.

Santo Agostinho de Hipona

As vocações ordenadas, sejam diáconos, padres ou bispos, desempenham papéis fundamentais na vida espiritual, na liderança e no serviço à Deus e a sua Igreja. Por isso discernir a vocação é um processo delicado e profundo, que requer introspecção, oração e orientação. Cada grau da ordem possui responsabilidades distintas, mas todas compartilham o compromisso de servir a Deus e à sua Igreja de maneira única e significativa.

Independentemente de com qual caminho vocacional você sente o desejo de conhecer e seguir, algumas coisas são essenciais para auxiliar o desenrolar do seu discernimento.

A oração como a primeira e principal delas, dedique tempo diário à oração e à reflexão, buscando a orientação de Deus para entender sua vontade. Segundo, busque acompanhamento espiritual, procure um diretor espiritual ou um padre para discutir seus sentimentos, pensamentos e preocupações sobre a vocação. Terceiro, não se pode amar o que não conhece, estude a doutrina da Igreja, a história e os ensinamentos, aprofundando seu conhecimento da fé. Quarto, a fé sem obras é morta, envolva-se em ministérios de caridade e serviço, permitindo que sua compaixão e desejo de ajudar os outros floresçam. Quinto, Deus fala no próximo, busque discernimento comunitário, converse com amigos, familiares e membros da comunidade que o conhecem bem e podem ajudá-lo no crescimento da caridade divina.

Lembrando que o discernimento é um processo contínuo, esteja aberto à vontade de Deus e confie que Ele o guiará na direção certa. Cada vocação é uma resposta ao chamado de Deus para servir de maneira única a Igreja e da humanidade, pois somos chamados a ser santos e Deus espera o nosso sim para cada detalhe da nossa vida.

Perceba Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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