
Os tempos que vivemos nos permitem uma capacidade de comunicação que era impossível conceber como realidade aos nossos antepassados, não precisamos ir muito longe no tempo para constatar isso, se levarmos em consideração que o primeiro telefone celular foi apresentado ao mundo em 1974, podemos facilmente pensar que o aparelho que, é claro, é muito diferente do primeiro lançado tanto em designer como em funcionalidades e quase não sai de perto de você tem apenas 50 anos de existência.
Mas a tecnologia do nosso tempo que em tese nos permite nos comunicarmos mais fácil e mais rapidamente é a mesma que é apontada por pesquisas como a vilã que faz com que nós nos comuniquemos cada vez menos, pelo menos as comunicações que realmente importam.
Você pode possuir algumas centenas ou centenas de milhares de seguidores em redes sociais, alguns até milhões, mas excetuando casos específicos, essas comunicações não são importantes, não tanto como nossos pais, irmãos, nossa família em primeiro lugar. Nossos colegas de trabalho diário em certa medida, pois convivemos com eles todos os dias. Nossos irmãos na fé com quem realizamos diversos trabalhos pastorais e caminhamos na busca da santidade. Pessoas realmente importantes com as quais poderíamos nos comunicar melhor e não o fazemos por estarmos desperdiçando tempo com relações virtuais de pessoas com as quais nunca convivemos e para as quais dedicamos muito mais tempo do que deveríamos, nos fechando numa bolha para evitar o mundo a nossa volta.
Mas tudo isso, com certeza você já ouviu, inclusive aqui no sem nome, mas destaco isso mais uma vez para ajudar-te a perceber que nessa relação falha de comunicação com aos que realmente importam, alguém que mais importa está ficando de fora de sua comunicação e consequentemente fora de sua vida.
Não é incomum ouvirmos as pessoas falarem sobre vida de oração, tanto sobre as dificuldades em ter uma vida de oração saudável, como em outros casos dando dicas e sugestões de como pavimentar a vida de oração.
Eu poderia seguindo esse mesmo caminho, abordar a disciplina que uma vida de oração fecunda deve ter, a exemplo de Santo Inácio de Loyola que nos presenteou com os Exercícios Espirituais, estruturando de maneira prática a oração diária. Prática essa ensinada pela Santa Mãe Igreja que nos exorta a perseverança e a disciplina da vida de oração (CIC nº 2725).
Mas sabendo que para alguns os Exercícios Espirituais são ainda muito desafiadores, poderia sugerir uma jornada de oração mais contemplativa, buscando transcender as palavras e realizar um diálogo íntimo e silencioso com Deus a exemplo de Santa Teresa de Ávila e como nos orienta a Santa Mãe Igreja, a nos colocarmos em condição esvaziamento abrindo espaço para o Espírito Santo agir em nós (CIC nº 2709).
Porém, ficar em contemplação em muitos casos também não é tarefa fácil, pois somos tentados a todo momento e pensando nisso, eu poderia abordar a vida de oração como uma arma, uma força no combate espiritual, tal qual como fez São João Maria Vianney, sempre tendo na vida de oração uma fonte de resistência contra as tentações e busca pela santidade. Observando que a Santa Mãe Igreja nos orienta que a oração é um meio eficaz para manter uma relação íntima com Deus e, ao mesmo tempo, fortalecer-se contra as armadilhas do maligno (CIC nº 2849).
Pensando naqueles que podem estar no início dessa jornada de vida de oração e podem considerar tudo isso muito complicado, poderia seguir junto ao exemplo de São João Paulo II, que exaltava a importância da simplicidade da oração, da autêntica humildade que gera intimidade com Deus, uma intimidade que transforma a oração em um diálogo com um amigo querido (Encíclica Redemptoris Mater, 1987).
Poderia escrever muitas páginas pensando que caminho seguir para falar de vida de oração. Porém, voltando ao problema inicial, antes de escolher como você vai se comunicar, digo que é preciso escolher se comunicar. Se você se reuni com amigos e/ou parentes e não saí do celular, você dificilmente vai se comunicar efetivamente e criar laços mais profundos com eles. Da mesma maneira, se você deseja ter uma vida de oração e se comunicar de fato com Deus, você precisa decidir se comunicar com Ele, então comece pelo básico. Decida se comunicar com Deus, decida ter uma vida de oração, saia do celular.
Aqui eu faço uso do celular como exemplo mor de distração do nosso tempo, mas cada um de nós sabe o que sequestra a nossa atenção, o que faz com que nossa oração seja interrompida, ao decidir se comunicar com Deus, você precisa antes de começar, se livrar do seu “celular”, precisa se abster daquilo que sequestra a atenção que deveria ser de Deus.
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.




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