Sobre cumprir o preceito

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As chamadas “idades históricas” referem-se a diferentes períodos da história humana que são caracterizados por certas características, avanços ou eventos significativos. As idades históricas frequentemente mencionadas incluem.

Idade da Pedra: Dividida em três períodos – Paleolítico (Idade da Pedra Lascada) período que compreende cerca de 2,5 milhões de anos atrás até 10 mil anos atrás, Mesolítico (Idade da Pedra Polida) período que compreende cerca de 10 mil anos atrás até 5 mil anos atrás e Neolítico (Revolução Neolítica) período que compreende cerca de 12 mil anos atrás até 4 mil anos atrás. Esta era é marcada pelo uso de ferramentas de pedra, surgimento da agricultura e domesticação de animais.

Idade do Bronze: Caracterizada pelo uso generalizado de ferramentas e armas feitas de bronze, um avanço significativo na metalurgia. Geralmente datada de aproximadamente 3300 a.C. até 1200 a.C., embora essas datas possam variar de acordo com as regiões do mundo.

Idade do Ferro: Seguindo a Idade do Bronze, em geral, é datada de cerca de 1200 a.C. até 500 a.C., embora o início da Idade do Ferro possa variar dependendo das regiões a Idade do Ferro é marcada pelo uso predominante de ferramentas e armas feitas de ferro, permitindo avanços tecnológicos e culturais.

Idade Antiga: Compreende várias civilizações antigas, como Egito, Mesopotâmia, Grécia e Roma, geralmente datadas de cerca de 3000 a.C. até 476 d.C. com a queda do Império Romano do Ocidente. Este período é marcado pelo desenvolvimento de sociedades complexas, cidades-estado, governos organizados, escrita e avanços significativos na arte e na ciência.

Idade Média: Inicia-se após a queda do Império Romano do Ocidente, por volta de 476 d.C., e estende-se até o final do século XV, aproximadamente em 1453 d.C. com a queda do Império Romano do Oriente (Império Bizantino). É caracterizada pelo feudalismo, as Cruzadas, o surgimento do Islamismo, a disseminação do Cristianismo na Europa e o Renascimento Carolíngio. 

Idade Moderna: Inicia-se com o Renascimento e a Revolução Protestante, aproximadamente a partir do século XV (1400s d.C.), e se estende até o final do século XVIII (1700s d.C.). É marcada pela expansão marítima europeia, a Revolução Científica, a Revolução Industrial e eventos como as Revoluções Americana e Francesa.

Idade Contemporânea: Começa com a Revolução Francesa e se estende até os dias atuais, incluindo as Guerras Mundiais, a Guerra Fria, a globalização e avanços tecnológicos modernos.

O que todas essas épocas históricas têm em comum e porque estamos falando delas? Entre suas abismais diferenças uma das características que podem ser encontradas em todas elas, é a inquietação humana de buscar mais, antes mesmo de possuirmos registros escritos das ações humanas, nós já queríamos mais e se hoje dispomos de tantas facilidades em nossa vida contemporânea que nossos antepassados sequer foram capazes de imaginar, as temos por essa inquietude que se agita dentro de nós e nos faz querer mais. 

Este ano o calendário litúrgico nos propiciou uma daquelas ocasiões peculiares que nos provocam a pensar um pouco mais e sairmos do automático. Estando o quarto domingo do advento no dia 24 de dezembro, nos deparamos com o preceito da missa dominical quase que colidindo com o preceito da missa de Natal e entre a confusão que isso gerou na mente de muitos, a sabedoria da Santa Mãe Igreja veio em nosso socorro para nos ajudar a entender

Como sabemos uma missa de preceito refere-se a certas celebrações litúrgicas, como o Natal ou a Páscoa e claro, a missa dominical, onde a Santa Mãe Igreja nos exorta a comparecer e viver a Santa Missa e ao deixarmos de fazê-lo incorremos em pecado grave. Mas o que mais chamou minha atenção das reações tanto on-line como com amigos próximos, em relação as iniciativas para esclarecer as peculiaridades desse Quarto Domingo do Advento e véspera de Natal foi o esforço realizado para compreender qual era o mínimo a ser feito. 

Sim, o mínimo a ser feito, é importante destacar que tais preceitos estabelecidos pela Santa Mãe Igreja, são o mínimo que ela em seu santo pastoreio do povo de Deus estabelece para auxiliar-nos na peregrinação terrena até a morada eterna e estarmos nos percebermos preocupados com o mínimo pelo mínimo é um sinal claro de que estamos nos distanciando do caminho do Senhor. 

Não me entenda mau e não precisa buscar justificativas, a Santa Mãe Igreja sabe que existem ocasiões em que cumprir fielmente tais preceitos se torna difícil e por vezes inviável, é o caso por exemplo de seguranças, médicos, bombeiros, motoristas e tantos outros ofícios que mantem a nossa sociedade em funcionamento e não conseguem estar na Santa Missa nos horários disponíveis em suas paróquias. O mesmo podemos dizer de regiões paroquiais mais afastadas, pequenas capelas que por vezes só dispõem de missa uma vez por mês ou pessoas que por questões de saúde estão em hospitais ou impedidas de sair de casa, é evidente que elas não estão incorrendo em um deliberado pecado grave por não conseguirem cumprir o preceito da Santa Missa. 

Mas aos que podem cumprir o preceito (o mínimo) e não o fazem recorrendo a desculpas rasas e apresentando obstáculos que por si só não deveriam existir, eu recorro ao evangelho segundo São Marcus. 

“E, pondo-se a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele, e lhe perguntou: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E Jesus lhe disse: Por que me chamas bom? Ninguém há bom senão um, que é Deus. Tu sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; não defraudarás alguém; honra a teu pai e a tua mãe. Ele, porém, respondendo, lhe disse: Mestre, tudo isso guardei desde a minha mocidade. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades”. 

(Mc 10, 17-22).

Cabe-nos sempre lembrar desse episódio para recordarmos que ao fazermos o mínimo na observância aos mandamentos de Deus, na obediência os preceitos de Tua Santa Igreja, Jesus sem dúvida, assim como fez ao jovem rico, oferecerá a nós um olhar de amor. Pois se Ele nos ama mesmo com nossas mais variadas faltas, como não o fará ao nos olhar em um esforço de cumprir Tua vontade. Mas o quão mais profundo e amoroso seriamos capazes de sentir esse olhar de Jesus a nós, se fossemos além, se estivéssemos dispostos a dar tudo que temos aos pobres? 

Quantas riquezas não temos, será que muitos de nós não estávamos procurando entender qual o mínimo a fazer nesse domingo porque temos muitas riquezas disponíveis, a casa cheia de familiares e amigos, muitas confraternizações e ceias fartas a participar, passeios, viagens, series de TV no conforto de nossas casas, a abundância que nos coloca num estado de preguiça de doar ao pobre Jesus Menino um pouco de nós, Ele que numa manjedoura repousa entre animais e alguns pobres sem conforto e sem a riqueza da nossa atenção. 

Sim está chegando o Natal, e Aquele que é perfeito nos olha com amor por cumprirmos o preceito, mas nos convida a ir além, Ele nos convida a não nos acomodarmos com o que já fazemos. Ele nos convida a santidade, um desejo universal de ir além de onde estamos, um desejo que está em nós desde sempre, uma alma desejosa da eternidade com Deus. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.