Eu não sei exatamente quando essa ideia surgiu pela primeira vez, mas arrisco dizer que se formos pesquisar com calma vamos encontrar fiéis fazendo isso já ali por voltar da época de Caim e Abel. Posso afirmar com certeza que divisões parecidas já existiam na cultura judaica na época de Jesus e na Igreja dos primeiros séculos também estava lá. 

Refiro-me as reuniões e cultos com classificação, na sua paróquia provavelmente deve ter uma missa da família, dos jovens, dos idosos ou das crianças. Não deve ser difícil também de encontrar um grupo de terço das mulheres, dos homens, dos jovens e outras coisas desse tipo. 

Não escrevo para atacar essas iniciativas, tão pouco para menosprezar suas importantes contribuições para a vivência da fé nas paróquias em lugares dos mais variados. Até porque como nos exorta São Paulo “Ele é a cabeça do Corpo, que é a Igreja” (Cl 1, 18ª). Todavia, gostaria de ressaltar a obrigatoriedade da convivência entre as partes do corpo, pois se o pé deseja se comunicar com a cabeça sem se comunicar com a perna ele vai fracassar e prejudicar o corpo inteiro que na melhor das hipóteses ficará manco. 

Talvez você pense que não está vivendo essa realidade, mas não é difícil de você identificar isso acontecendo sutilmente (as vezes nem tão sutil) na sua paróquia. Grupos de jovens onde apenas jovens conduzem, formam, pregam para outros jovens, como se tivessem muito mais além da própria realidade inerente aos jovens para partilhar, mas que evitam ao máximo que outros mais velhos e mais experientes possam conduzi-los em questões da vida e da fé. 

Pastorais repletas de senhores convictos de suas próprias verdades (se fossem verdades da Santa Mãe Igreja seria ótimo) se portando com a certeza inabalável de quem sabem de tudo e que qualquer novidade que um jovem possa apresentar com certeza está errada ou não funciona. 

A única coisa que essa cultura de classificação consegue produzir em contextos como esses, são disputas entre grupos e pastorais que transformam multidões de fiéis em pessoas estéreis sem a fecundidade do evangelho para cultivar em novos corações.

Talvez você não tenha notado nada disso, porque graças a ação do Espírito Santo não sua paróquia não acontece, ou você pode estar aquém de tudo isso porque faz parte do problema. Pensando nisso, vou deixar aqui uma dica simples para você avaliar se o corpo de Cristo está saudável ou se você está ajudando a manter o pé manco. 

Primeiro, sente-se em um lugar na missa dominical onde você possa ver uma boa parte da assembleia, como bom católico chegue cedo, observe quem está chegando para servir, quem vai servir no presbitério (coroinhas, acólitos, ministros e afins), quem vai servir no ministério de música, quem são os leitores, quem está no acolhimento e principalmente, observe as pessoas que chegam para a Santa Missa. 

Faça isso durante algum tempo (se você está na mesma paróquia a muitos anos vai ser ainda mais fácil) e comece a trabalhar sua memória, onde estão as novas almas resgatadas? Não importa se sua paróquia é grande ou pequena, rica ou pobre, onde estão as novas almas resgatadas e colocadas aos pés da cruz? Se o tempo passa e são apenas as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas (ou menos do que tinha antes por que as pessoas estão saindo da Igreja), você já sabe que aquele corpo está doente, se mantem de pé porque o Espírito Santo que nos une num só corpo (Ef 4) é mais forte do que a nossa teimosia de manter o corpo doente. 

Mas uma vez percebido, você precisa deixar de fazer parte do problema, mas não se engane, você não vai curar o corpo sozinho, pois se o pé desejar voltar a caminhar de acordo com a cabeça, mas a perna não colaborar, ele continuará manco, você vai precisar que os outros membros do corpo colaborarem. 

A boa notícia, é que não é difícil encontrar outros membros do corpo dispostos a colaborar, toda paróquia tem aqueles membros que são quase como a pele do corpo (e quem sabe você seja um deles, não desista irmão, a Santa Mãe Igreja conta com você) em um dia você vai a Santa Missa e ele está cantando, na semana seguinte ele está servindo no presbitério, no meio da semana ele está no grupo de oração com os idosos, no final de semana ele está na catequese com as crianças. É aquela pessoa que pede doação para as campanhas da Igreja e aprece limpando e carregando cadeira no dia da festa do padroeiro, nunca reclama, sempre buscar olhar o lado positivo das coisas e quando não consegue, se volta para a cruz e simplesmente diz “Ele sofreu mais do que isso”. 

Essas pessoas podem não impedir o pé de mancar, mas elas são às mãos que ajudam a segurar a bengala para que o corpo não caia. Não estou dizendo que você deve ir atrás dessas pessoas para atribuir-lhe mais uma missão, mas com elas você pode aprender muita coisa para sair e retirar os outros desse círculo vicioso e estéril onde cada um deseja ser autônomo sem compreender a unidade do corpo místico de Cristo que é a Santa Mãe Igreja. 

Essa é a unidade que precisamos fecundar na Igreja, professar a mesma fé como ensina a Santa Mãe Igreja não requer que gostemos de todos, só requer que amemos a todos como Cristo nos amou. Seja esse pequeno membro que sabe seu lugar e sua importância na unidade da Igreja de Cristo, esteja aberto a ir onde preciso for, ouvir e conviver com quem preciso for para o bom funcionamento do corpo, assim homens, mulheres, jovens, idosos e crianças de todas as espiritualidades e carisma serão fecundos a guiar as almas para a cabeça na eternidade. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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