A pouco tempo conversamos aqui a sobre o animalismo, a maneira como a sociedade vem a passos largos caminhando na direção de supervalorizar os animais e reduzir o homem enquanto ser pensante. Hoje decidir voltar a esse assunto com um olhar mais específico, após me deparar com uma coluna do site Metrópoles que anunciava, “Especialista afirma que adotar um pet pode salvar seu casamento” (o tipo de coisa que surge no Twitter). 

Quero deixar bem claro que não sou contra os animais de estimação,  mas como qualquer outra decisão na vida, decida criar um animal pelo motivo certo, salvar o seu casamento, com certeza não é um deles. 

Mas o que mais me chamou a atenção da coluna, não foi a ideia irresponsável de que diante de um problema que é de sua responsabilidade, ao invés de buscar compreender a origem do problema e adotar as ações necessárias para resolvê-lo, a pessoa adote como solução trazer um outro ser vivo para o problema já com a simples expectativa de que ele será a fonte da solução. 

No caso de um casamento, se esse ser vivo fosse um terapeuta familiar, um psicólogo ou um orientador espiritual, pessoas que conscientemente aceitam fazer parte daquele momento tortuoso e específico do casal com a intenção de ajudá-los faria bastante sentido, mas trazer para dentro de um relacionamento com problemas, um ser vivo que sequer tem condições de compreender a complexidade de um casal humano, parece roteiro de comedia romântica, daquelas que nos fazem rir com o absurdo banal. 

Mesmo assim, o que mais me chamou a atenção foi o tipo de argumentação utilizada para justificar a ideia, 

“Ao adotar um pet, o casal passa a ter um novo tipo de laço e mais uma situação em comum: cuidar do novo membro familiar. O animal, da sua maneira, começa a ter contato com os donos e a relação passa ter o vínculo parental amoroso. O casal, que antes estava acostumado a ser impactado pelo peso da rotina, agora pode chegar em casa e ser recebido com todo o amor do seu pet. E o bichinho, por sua vez, se torna a ponte de ligação para o casal que se ama e que está passando por um momento delicado.”

Entre as décadas de 1990 e 2000 a televisão ensinou para qualquer pessoa minimamente atenta as suas telenovelas (não sou fã, mas é um robe brasileiro acompanhá-las), que é uma péssima ideia a mulher engravidar para tentar manter um relacionamento, todas as histórias ali contadas sempre demonstravam como essa ideia acabava piorando tudo, saindo do ambiente da teledramaturgia, na realidade também não há benefícios garantidos. Agora com isso em mente, volte ao trecho da argumentação e releia substituindo o animal por um filho de verdade, uma criança humana. 

Estaria a nossa sociedade reduzida aos mais básicos extintos animais a ponto de que as ideias modernas nada mais são do que as mesmas ideias dos séculos passados, mas com animais no lugar das pessoas? Estaríamos agora caminhando para o impensável e depositando nos animais a esperança de “concertar” os problemas dos relacionamentos humanos?

Os animais domésticos já saíram do seu lugar de utilidade em nossa sociedade, como já havia dito antes, 

“hoje temos cães que não caçam, não vigiam, não guardam, não farejam e temo que no futuro não possam mais acompanhar os cegos como bons guias… e gatos que não caçam ratos, não perseguem pequenos répteis e tão pouco controlam outras pragas”.

Mas ao que parece, já temos uma nova tarefa para eles, a tarefa de ficar no lugar dos filhos que muitos casais escolheram não ter, como bem descreve a coluna, 

“Um benefício valioso na reconexão do casal é que, a partir da adoção, eles passam a dividir tarefas que, até então, não existiam ou começam a realizá-las juntos, principalmente nos cuidados e na saúde do animal. “Levar ao petshop, sair para passear, cuidados alimentícios e tantas outras atividades começam a dar uma nova dinâmica aos donos, como se fosse um filho, e a conexão com o bichinho se expande e reflete no casal. O animal, ao ser adotado, consegue se conectar de forma mais saudável e as chances do casal voltar a viver a felicidade amorosa se tornam maiores”.

“Como se fosse um filho” é a chave de leitura que nós enquanto católicos não podemos ter, como se fosse é o mesmo que dizer que não é, com qualquer criança sabe que Toddy não é Nescau, salada não é sobremesa, Xbox não é PlayStation, não é uma questão de ser melhor ou pior, é uma questão mais profunda do ser das coisas, uma coisa é ou não é. 

Na criação, Deus criou cada coisa e cada ser com um proposito, não podemos tirar o proposito dos animais, assim como não podemos tirar e/ou ignorar o proposito e a responsabilidade de nós humanos. Precisamos sempre lembrar que “como se fosse” é a argumentação de quem deseja ser, mas não é, e o primeiro que tentou ser algo que não era, sabemos bem quem foi e recebeu uma sonora resposta, Mi-“quem”, kha-“como”, El-“Deus”.

Busquemos ser aquilo que Deus deseja que sejamos e tratemos sempre tudo e todos como Ele pensou antes de nós. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes. 

Graça, Paz e Misericórdia.

Tendência

Crie um site ou blog no WordPress.com