A Igreja celebra hoje a memória de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, em ocasião de sua primeira aparição aos três pastorinhos na Cova de Iria, em Fátima, Portugal no ano de 1971. Os acontecimentos que Nossa Senhora revelou a Lúcia, Francisco e Jacinta naquela ocasião, as orientações que proferiu e a missão que os confiou são fatos históricos muito bem documentados e podem ser facilmente acessados em livros e sites. Mas ao debruçarmos um olhar um pouco mais atento, a primeira conclusão que podemos chegar é que estamos nos esforçando demais para ignorar a mensagem que Nossa Senhora revelou em Fátima. 

Ousemos resumir as aparições de Nossa Senhora em Fátima da seguinte maneira, a visão do inferno, a ação reparadora da devoção ao Imaculado Coração e as consequências para a humanidade por manter-se nos erros.

Se em 1971 Nossa Senhora alertou sobre as milhares de almas que estavam sendo condenadas ao inferno, ela com certeza não o fez para comemorar a danação das almas e tão pouco para que ficássemos como estávamos. Mas um rápido exame de consciência que todos precisamos fazer a esse respeito é, estamos nos preocupando com a salvação das nossas almas e das almas de nossos irmãos?  

Aqui por muitas vezes já relatei como cada dia que passa se torna mais raro ouvir padres, catequistas e pregadores em geral falando sobre o inferno e aqueles que o fazem são rapidamente taxados de extremistas, loucos, medievais etc. Por isso, no lugar de nos preocuparmos com a salvação da alma, estávamos cada dia mais preocupados com as externalidades da nossa fé.

Não me intendam errado, não estou aqui meramente apontando a falha de alguém por si só, essa é também uma falha minha, um pecado que também confesso. Por quantas vezes nos deparamos preocupados em ir a Santa Missa com aquela camisa do nosso santo de devoção ou com o Santo Terço na mão, mas não realizamos um mínimo exame de consciência durante o ato penitencial, como se nenhum pecado tivéssemos para nos arrepender. Estamos tão preocupados com o cântico que está sendo entoado durante a comunhão que esquecemos de verdadeiramente comungar e nos permitir a intimidade com o Sagradíssimo Corpo de Cristo. Estamos ávidos por cumprimentar alguém durante a saudação da paz que esquecemos de acolher a paz e se fazer sinal de paz na vida do próximo. São tantos momentos que poderíamos estar verdadeiramente tentando imitar a Cristo e estamos preocupados com externalidades, sim as externalidades são importantes, mas só são importantes quando o interior já se encontra em Cristo, caso contrário, somos apenas como sepulcros caiados (Mt 26). 

Mas esse comportamento não surgiu em nós do nada, ele vem sendo cultivado aos poucos, até se tornar um discurso tão comum que faz com que o católico menos atento até chegue a pensar que isso é o correto e é o que a Santa Mãe Igreja ensina. 

“Deus é amor, todos seremos salvos e o inferno não existe, caso exista deve estar vazio”. 

Diante desse tipo de heresia, precisamos voltar a ensinar a verdade de fé da Igreja, sim o inferno existe, não ele não está vazio, está repleto de demônios e almas condenadas, não seremos todos salvos, pois Deus é misericórdia, mas também é justiça. 

“Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem.”

(Mt 7, 13-14).

Ouvindo com atenção a boa nova cabe a nós lembramos que para chegar ao Reino do Céu precisamos fazer um esforço, a inercia não vai nos levar para o céu, precisamos abandonar a ideia equivocada que por não fazer nada estamos salvos, não fazer nada vai nos levar ao inferno, precisamos ir além, precisamos fazer o esforço do caminho que leva a porta estreita.

É com a firme decisão de realizar esse esforço que precisamos olhar para a revelação de Nossa Senhora em Fátima, quando ela revela que Deus deseja instaurar a devoção ao seu Imaculado Coração para evitar que tantas almas se perdessem no inferno, não está sendo revelado ali uma exaltação de Nossa Senhora, pelo contrário, está sendo oferecido a nós instruções de como nos esforçarmos para seguir pelo caminho apertado que leva a vida. 

Não é rezar o Santo Terço por rezar, não se trata de um exercício de repetição, não é um exercício de penitência como algo isolado que atesta que cremos ou nos coloca no caminho da superstição, como se já fizéssemos esperando algum resultado mágico ou algo em troca. Quando Deus revela seu desejo que devotemos o Imaculado Coração de Maria, Ele não quer essas externalidades, Ele deseja mudança interior, Ele anseia pela salvação das nossas almas. 

A comunhão reparadora dos primeiros cinco sábados proposta por Nossa Senhora a Lúcia é uma clara demonstração disso, ao dizer que,

“Vocês devem fazer e espalhar pelo mundo a devoção de as pessoas se confessarem uma vez por mês, comungarem, rezarem o Terço e meditarem os mistérios da salvação”. 

A primeira coisa que precisamos destacar é a exortação do sacramento da confissão, Deus nos quer em estado de graça para que sejamos salvos. A segunda coisa é a exortação do sacramento da comunhão, Deus quer estar em comunhão conosco “desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer” (Lc 22, 15). Depois de estar em estado de graça e fortalecidos pela comunhão com Cristo, aí sim seremos capazes de rezar e meditar os mistérios da salvação plenamente. Devotar o Imaculado Coração de Maria não é simples ação de repetição, não é dar destaque a Maria e deixar Deus de lado, não uma crendice qualquer. É está intimamente ligado a Deus e esforçar-se para seguir pelo caminho difícil que leva a porta estreita, mas que é o caminho da salvação. 

E caso surja alguma dúvida da eficácia desse magnífico manual que Nossa Senhora nos revelou em Fátima para conseguirmos passar pela porta estreita e evitar o inferno. Eu poderia lhe sugerir que buscasse perceber Deus nos pequenos detalhes, mas sugiro-lhe uma coisa um pouco diferente, estude um pouco de história, pesquise quais foram as previsões de que a Virgem Maria fez para a humanidade caso não nos convertêssemos e continuássemos seguindo os mesmos erros. Um vislumbre do futuro oferecido pela visão sobrenatural de Nossa Senhora, que poderia levantar dúvidas em 1971, mas hoje basta olhar o passado recente e o presente para entender as desastrosas coisas geradas pela escolha do espaçoso caminha que leva a perdição, consequências que amargamos até hoje por mantermo-nos nos erros.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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