Embora nas últimas duas décadas a mídia e as produções artísticas em geral venham nos bombardeando com a ideia de que não existe bem e mal, certo e errado e tudo é apenas uma questão de ponto de vista. Precisamos sim, enquanto católicos, lembrarmos que sim existe bem e mal, certo e errado, céu e inferno, pois nossa religião é pautada na verdade revelada por Deus e qualquer “depende” fora dessa verdade deixa qualquer um de nós distante da Igreja de Cristo e consequentemente distante Dele. 

Sim, quando falamos em geopolítica internacional, não podemos ser reducionistas ao colocar países inteiros em posição apenas de quem defende o certo ou o errado, existe por de trás de qualquer disputa dessa natureza um complexo jogo de interesses e influências. Mas isso não quer dizer que o bom católico, por mais simples e pouca que seja a instrução que possua, não seja capaz de discernir o certo do errado, pois para isso existe a sabedoria e a autoridade da Santa Mãe Igreja. 

Vou apresentar um exemplo historicamente conhecido por todos os sul-americanos, português e espanhóis. Durante a época das grande navegações, haviam as disputas de posse pelas terras descobertas, portugueses e espanhóis disputavam as terras recém descobertas e as que por ventura viriam a ser no novo mundo, essa disputa culminou com um acordo conhecido como Tratado de Tordesilhas que estabelecia a divisão das áreas de influência dos países ibéricos, cabendo a Portugal as terras descobertas e por descobrir situadas antes da linha imaginária que demarcava 370 léguas (1 770 km) a oeste das ilhas de Cabo Verde, e a Coroa de Castela as terras que ficassem além dessa linha.

Dentre os vários desenrolares históricos desse tratado, eu destaco aqui um ponto importante, havia uma bula papal anterior a esse tratado, assinada pelo papa Alexandre VI que atribuía a Castela a posse das terras localizadas a partir de uma linha demarcada a 100 léguas de Cabo Verde, tal bula perdeu seu efeito dando lugar ao novo tratado que foi aprovado pelo Papa Júlio II em 1506.

Mas porque isso é relevante? Porque por muitos séculos a Igreja se envolveu em questões geopolíticas e disputas territoriais, não pura e simplesmente para obter ganhos espúrios ou dominar a população como muitos gostam de dizer hoje. Mas para evitar guerras e salvar milhares de vidas, Portugal e Castela eram duas grandes potências na época e guardando as devidas proporções, um acordo territorial que dividia o novo mundo entre as duas potências europeias evitou potenciais conflitos futuros entre as duas nações. Que embora tivessem interesses que colidiam, possuíam uma coisa em comum, o respeito e a obediência ao bom senso e a sabedoria da autoridade da Igreja. 

Agora olhemos para o hoje, se na menor unidade de fé, o cristão, não há respeito e obediência ao bom senso e a sabedoria da autoridade da Igreja, como podemos esperar isso de nações inteiras governadas por grupos que se orgulham em anunciar que em nada creem e cinicamente promovem sofrimento e morte enquanto prometem o paraíso na terra? 

Bem, quem sou eu para afirmar nada, pobre pecador, prefiro a sabedoria da Rainha da Igreja que a muito já nos alertou a respeito dos perigos dessas ideologias e dos erros dessas nações que a cada dia se afastam mais da verdade revelada por Deus. 

Assim, deixo vocês com um trecho de uma meditação do Padre Paulo Ricardo a respeito da mensagem de Fátima que muito demonstra isso. Lembrando que estamos no período da quaresma, orem sem cessar, estudem e busquem conhecer a beleza da nossa fé e da nossa Igreja, busquem a confissão e as práticas de caridade.  E até semana que vem. 

“A Rússia espalhará seus erros” (11 Mai 2021)

Estamos meditando a mensagem central das aparições de Fátima, revelada no dia 13 de julho de 1917. Nela, Nossa Senhora fala de três coisas, e é por isso que a mensagem foi dividida em três partes. Estamos na segunda. A primeira contém a visão do inferno; na segunda, Nossa Senhora fala do seu Imaculado Coração. Ontem, vimos a devoção a ele, sobretudo a questão das comunhões reparadoras dos cinco primeiros sábados do mês. 

Agora, veremos outro aspecto, ainda nesta segunda parte do segredo. Trata-se da consagração a Nossa Senhora e, em particular, da Rússia. Recapitulemos. Nossa Senhora mostrara o inferno: “Vistes o inferno, para onde vão os pecadores. Para salvar essas almas, eu quero instalar no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração”. Aliás, Nossa Senhora já o anunciara na segunda aparição, no dia 13 de junho, ao dizer que, se Francisco e Jacinta iriam logo para o céu, Lúcia ficaria ainda um tempo no mundo para espalhar a devoção ao Imaculado Coração. 

Acontece que, além do fato de as almas irem para o inferno, Nossa Senhora tocou algumas questões de “geopolítica”, por assim dizer. Maria se refere agora ao que vai acontecer na história do planeta nos séculos XX e XXI, e o que ela diz é que, se não fizermos o que ela pede, isto é, se não tivermos devoção nem pararmos de ofender a Deus com nossos pecados, “no reinado de Pio XI começará outra guerra pior”. 

Estamos ainda na I Guerra Mundial, mas em breve começara outra ainda pior, que é a II Guerra. Há quem objete, dizendo que a II Guerra começou no reinado de Pio XII, e não no de Pio XI. Na verdade, como esclarece a Ir. Lúcia, a guerra não começou com a invasão da Polônia em 1939, mas com a anexação da Áustria, ainda durante o pontificado de Pio XI. 

A Virgem continua: “Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o mundo de seus crimes por meio da guerra, da fome e das perseguições à Igreja e ao Santo Padre”. Isso se deu de fato, quando houve na Europa, no dia 25 de janeiro de 1938, uma aurora boreal extraordinária, vista em muitos lugares em que geralmente não acontece tal fenômeno. 

Mas Nossa Senhora quer dar também o remédio para essas guerras e desgraças que irão assolar o mundo: “Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora dos primeiros sábados”. Falamos da comunhão reparadora na homilia de ontem, vejamos agora a consagração da Rússia. Nossa Senhora continua: “Se atenderem os meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz. Se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará, o Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá e será conhecido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé”. 

Nossa Senhora afirma que muito do que está acontecendo no mundo se deve aos erros da Rússia. Alguém poderia dizer: “Ora, a II Guerra Mundial aconteceu, mas não foi a Rússia que a provocou. Foi a Alemanha nazista”. De fato. No entanto, Nossa Senhora já sabia o que nós só ficaríamos sabendo depois: embora deflagrada pela Alemanha, a II Guerra,  foi de certo modo arquitetada pela Rússia, que às escondidas de seus aliados na Europa vinha armando a Alemanha. 

Por quê? Porque era plano de Stálin usar a Alemanha como navio quebra-gelo, fazendo Hitler e os alemães se desgastarem para então tomar posse da Europa. Ora, em certo sentido, o plano de Stálin deu certo porque, terminada a guerra, metade da Europa era comunista. Sim, a Rússia conseguiu avançar seu império, difundindo seus erros pela Europa. 

Nossa Senhora, com profunda visão “geopolítica”, sabia da existência de uma ideologia anticatólica, anticristã e anti-humana, característica do comunismo e do sonho socialista, e isso muito a preocupava. Tanto é assim que ela apareceu também no Brasil pouco tempo depois, a fim de nos alertar sobre o perigo do comunismo no nosso país. Trata-se das aparições de Nossa Senhora das Graças ocorridas no município de Pesqueira, em Pernambuco. 

A Virgem disse claramente que o comunismo queria tomar conta do Brasil, razão por que precisávamos converter-nos. São duas mensagens milagrosas e assustadoramente idênticas! Afinal, como uma menina ignorante, do interior do sertão de Pernambuco, teria conhecimento de uma mensagem que Nossa Senhora dera em Fátima, a milhares de quilômetros de distância, a três pastorinhos igualmente desconhecidos? Ela não poderia saber de nada, e, no entanto, as mensagens coincidem de forma prodigiosa! 

Mas onde está o problema do comunismo e dos erros da Rússia? No fundo, o maior perigo, entre todos os erros do marxismo, é o desprezo pela verdade. Quando a mentalidade marxista toma conta da consciência, a pessoa desiste de buscar a verdade. Para o marxista, em geral, não existe a verdade, apenas interesses. 

Um exemplo típico. Um professor diz em sala de aula: “A Igreja Católica propaga a devoção a Maria, que é Mãe, Virgem e Imaculada”, para depois acrescentar: “Mas vocês já experimentaram ter uma visão crítica a respeito desses dogmas?” O aluno então, inseguro, diz para si mesmo: “Poxa! Eu não tenho essa visão crítica. Meu professor, que é tão inteligente, deve saber do que está falando”. E o mestre conclui a lição: “Tudo isso são mentiras inventadas pela Igreja a fim de subjugar a mulher: para que a mulher se limitasse ao papel subalterno de mãe; para que a mulher fosse casta e fiel ao marido, proprietário dela; para que a mulher apenas se sentisse valorizada, quando, na verdade, ela estava sendo oprimida pela cultura de um patriarcado machista e chauvinista”. 

Um tal professor, se não é marxista por partido, o é ao menos por mentalidade. Por quê? Porque em momento algum ele se perguntou se Nossa Senhora de fato é Virgem, de fato é Mãe, de fato é Imaculada. Para o marxista, não existem verdades de fato; o que existe são interesses, “narrativas”. Não há verdades. Interessa o que ajuda a revolução. Ora, se Jesus é o caminho, a verdade e a vida; se o cristianismo inteiro está baseado no fato de que existe uma verdade a que devemos obedecer, então o marxismo não é mais do que a cultura do pai da mentira, homicida desde o princípio. 

O diabo, com efeito, o que veio fazer senão desviar os homens da busca da verdade? É ele quem, desde o início, propõe uma visão “crítica” das coisas. A serpente, no paraíso terrestre, disse a Eva: “Por que não podeis comer das árvores do paraíso?” A primeira mulher respondeu: “Na verdade, Deus não proibiu todas, mas somente essa”, e a serpente atalhou: “Tolinha! Tu tens que ter uma visão crítica. Por que Deus vos proibiu de comer dessa árvore? Tu não o sabias, mas Deus bem sabe que, se comerdes do fruto, vos haveis de tornar como Ele!” 

É a atitude marxista por excelência, o que não quer dizer, obviamente, que seja apanágio exclusivo dos marxistas. Afinal de contas, gente mentirosa e interesseira sempre houve e haverá aos milhões. O que acontece é que os marxistas fizeram disso um “sistema filosófico”, um “jeito de pensar”. 

Quando se adota a mentalidade marxista, rompe-se com a verdade, começa-se a pensar apenas em termos de “interesses” e, com isso, fecham-se para a alma as portas do cristianismo. Porque o cristianismo é baseado na verdade. Por isso, Nossa Senhora vem dizer que é preciso fazer alguma coisa para que a Rússia não propague seus erros. Quanto à consagração da Rússia, em última análise, quem tem o poder de fazê-la, quer já  a tenha feito ou não, é o Santo Padre, o Papa, com os bispos do mundo inteiro. 

O que nós, simples fiéis, podemos fazer é entender quais são os erros da Rússia e, portanto, fazer de tudo para que suas mentiras não levem mais almas para o inferno. Consagremo-nos a Nossa Senhora, consagremo-nos à verdade. Jesus disse aos discípulos na Última Ceia: “Eu os consagrei pela verdade”. É pela verdade que seremos salvos! Rejeitemos de forma categórica essa ideologia, que abandonou a verdade. 

Que Nossa Senhora, Sede da Sabedoria, nos ajude verdadeiramente a nos livrarmos de todos os erros que a Rússia espalhou pelo mundo.

Percebam Deus nos pequenos detalhes. 

Graça, Paz e Misericórdia. 

Tendência

Crie um site ou blog no WordPress.com