Matrimônio e celibato, como se vê, encontram-se muito mais intimamente ligados entre si do que a maioria pensa. Ambos chamados procuram oferecer “uma resposta completa” ao sentido da sexualidade (cf. 14.07.1982), que é a “doação de si próprio”, à imagem de Deus. Daqui porque, quando uma cultura desvaloriza a sexualidade, não surpreende que, inevitavelmente acabe desvalorizando tanto o casamento quanto a vocação para o celibato. A revolução sexual do século XX está ali para demonstrá-lo escancaradamente. 

Em seus pronunciamentos, o Papa não se cansa de repetir que a vida celibatária proposta por Cristo deve brotar de um “conhecimento profundo e maduro do significado esponsal do corpo”. Somente nesta base é que o celibato para o reino “encontrará plena justificativa e motivação” (28.04.1982). Se alguém, portanto, optar por esta vocação baseado no medo ou na rejeição do sexo, ou por causa de profundas feridas sexuais que impedem uma sadia vida conjugal, ele não está respondendo sinceramente ao chamado de Cristo (cf. 28.04.1982). 

Ninguém pode rejeitar o sentido esponsal de seu corpo sem fazer violência à sua humanidade como homem ou mulher criados à imagem de Deus. O significado esponsal do corpo é “o elemento fundamental da existência humana no mundo” (16.01.1980). Ele revela que o ser humano foi criado para tornar-se um dom “para” o outro. As palavras de Cristo sobre o celibato, “consequentemente, mostram que este ‘para’, existente desde o início como base do matrimônio, pode também encontrar-se na base da abstinência ‘para’ o reino do céu”. Por isto, “sobre a base do próprio significado esponsal do corpo ( … ) tanto pode encontrar-se o amor que dispõe para o casamento por toda a vida, como pode estar o amor que dispõe para uma vida de castidade “em prol do reino do céu” (28.04.1982). 

O detalhe é que a sexualidade nos chama a doar-nos a nós mesmos num amor que dá vida. O celibatário, pelo fato de não exercer sua sexualidade, não está rejeitando este chamado; ele apenas o vive em forma diferente. Todo homem, em virtude do significado esponsal de seu corpo, é chamado a ser, de um ou outro modo, um marido e um pai. E toda mulher, em virtude do significado esponsal de seu corpo, está chamada a ser, de um ou de outro modo, uma esposa e uma mãe. Como imagem de Cristo, o celibatário “casa-se” com a Igreja. Mediante o dom corporal de si mesmo, ele gera numerosos “filhos espirituais”. Como imagem da Igreja, a mulher celibatária “desposa-se” com Cristo. Pela doação corporal de si mesma, ela também gera numerosos “filhos espirituais”. É por isto que as palavras marido, esposa, pai, mãe, irmão, irmã, tanto são aplicáveis na vida matrimonial e familiar, quanto na vida sacerdotal e religiosa. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.

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