Concluímos nossa reflexão sobre o celibato, analisando brevemente a “singularidade” do casamento celibatário de José e Maria. Conforme ensina a Igreja Católica, Maria e José foram excepcionalmente chamados a abraçar ao mesmo tempo a vocação celibatária e a vocação conjugal. Noutras palavras, eles viveram simultaneamente o casamento terreno e o “casamento” celeste. Por sua vez, o matrimônio celibatário deles tocou literalmente o matrimônio do céu e da terra. Pois o fruto da sua total e virginal doação de si mesmos foi a Palavra que se fez carne – o céu desceu à terra (cf. 24.03.1982). Desta forma, José e Maria “tornaram-se as primeiras testemunhas de uma fecundidade diferente daquela da carne, isto é, da fecundidade do Espírito: ‘O que nela foi gerado é obra do Espírito Santo’ (Mt 1,20)” (24.03.1982).
José e Maria permaneceram celibatários, não porque “sexo é ruim”, mas por terem sido agraciados com uma vocação excepcional: a de viverem já nesta terra a sua sexualidade de acordo com o seu sentido supremo: a total doação de si mesmos a Deus. Ao abraçarem na terra aquela “dimensão celestial” da sexualidade, possibilitaram que o céu penetrasse a terra. Lembre-se que, desde o início, a união sexual devia prenunciar a união de Deus com o homem, de Cristo com a Igreja. Desfazendo o “não” de Eva, Maria, a nova Eva, representa a raça humana inteira ao dar seu “sim” à proposta de casamento de Deus (cf. CIC n. 411 e 505). De certa forma, já em sua peregrinação terrestre, Maria estava participando nas “núpcias” do céu. Para ela, um casamento terreno como os outros teria sido, por assim dizer, um “passo atrás”.
No entanto, apresentando a Sagrada Família qual modelo para todas as famílias, a Igreja não pretende sequer sugerir que os casais que desejam ser “verdadeiramente santos” devam abster-se das relações sexuais. Se fosse este o caso, as famílias “santas” eventualmente acabariam nem sendo famílias, por falta da procriação. Se José e Maria são modelos para todos os casais, deve-se isto ao seu exemplo de total autodoação. O que normalmente se pede aos esposos é que imitem a Sagrada Família, vivendo sua união “numa só carne”, em total doação mútua. Desta forma, eles também “trazem Cristo ao mundo”, visto que o abraço matrimonial – quando vivido de acordo com o plano de Deus – proclama o mistério de Cristo (cf. Ef 5,31-32).
Percebam Deus nos pequenos detalhes.
Graça, Paz e Misericórdia.
Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.





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