Os detalhes históricos do texto evangélico de Lucas, proferido na Missa da Noite, transbordam de precisão cronológica e contexto histórico: “Naqueles dias, foi publicado um decreto de César Augusto para recensear toda a terra… antes do censo feito por Quirino na Síria…” (Lc 2, 1-2). São detalhes que poderiam ser negligenciados em meio à ânsia pelo anúncio do nascimento de Jesus; no entanto, não se trata de trivialidades, pois indicam que o nascimento de Jesus não se restringe a narrativas fantasiosas, mas está enraizado na própria história.

A Árvore genealógica, tão evidenciada no Evangelho vespertino, por inserir Jesus numa linhagem, não exatamente imaculada, dada a presença de figuras que transpassam, Ele aceita integrar essa saga familiar, embora essa história não seja adornada por santidades. Nessa extensa enumeração, surgem Patriarcas e, em sequência, Reis, tanto antes como após o exílio na Babilônia. Entre esses monarcas, alguns foram devotos, outros idolatravam, imorais ou assassinos. E que dizer de Davi, cuja vida entrelaça fidelidade a Deus, pecados e crimes (lembramos apenas do ato que confessou no Salmo 50, após a morte de Urias).

A genealogia objetiva testemunhar e atestar que Jesus é da “estirpe de Davi”(cf. Mt 1,6ss) e que a promessa feita por Deus a Davi, de erguer para ele “uma casa” (cf. 2Sm, IV Domingo do Advento), se consuma em Jesus. Ela revela que faz parte de uma história grandiosa, válida para o ser humano Jesus, o qual inaugura uma nova narrativa. Por trás de cada nome, por vezes enigmático, reside uma narrativa, por meio da qual Deus tornou possível a realização de algo. É uma página que desvela: por trás de cada semblante, há uma eleição divina e uma promessa, “como era no princípio, agora e sempre”. Também nós somos “eleitos”pela graça de Deus: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi” (Jo 15,16). Não fomos selecionados por nossos méritos, mas pela Misericórdia divina: “Com amor eterno te amei” (Jr 31,3). Esta é nossa certeza: “Desde o ventre materno, o Senhor me chamou” (Is 49,1).

Assim como no passado, hoje Jesus ingressa nessa narrativa e nos convoca a contemplar além, a compreender este período histórico e social específico, não com uma ladainha de fracassos e lamentos, mas com aquela Luminosidade que vem do alto e ilumina tudo.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

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