Sobre ser cristão
Sobre ser cristão

Sobre ser cristão

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Uma situação comum em entrevista de seleção para vagas de emprego é quando o entrevistador pede para o candidato apontar três defeitos e três qualidades. Sem entra muito na tecnicidade de um processo seletivo e do porquê esse exercício é interessante, vale destacar que cada detalhe conta nessa hora, da ordem que você escolhe contar seus defeitos e qualidades, até a entonação de sua voz enquanto fala sobre isso. 

Durante as diversas entrevistas que já fiz na minha carreira, umas das coisas que listava com frequência era a minha habilidade de lidar com o diferente, de conviver com pessoas com culturas, crenças, opiniões e realidades diferentes da minha. No dia a dia tem gente que associa isso a virtude da empatia enquanto outros associam ao defeito do cinismo, nesse pondo você escolhe onde listar isso, eu, apenas chamo de ser humano. 

Durante essa semana, me percebi fazendo um uso bastante intenso dessa dita habilidade, já que tenho contato com pessoas de posições políticas bem diferente, curiosamente ao observar os lados opostos da mesma realidade o que chamou minha atenção foi que ambos os lados usaram a mesma frase. 

“Eu não entendo como uma pessoa pode ser cristão e votar nele”.

Independente do seu espectro político ideológico e de qual lugar do mundo você esteja, você preencheu o “nele” com o político que você não gosta. E é por isso que esse texto não é para você pensar sobre o político, mas sim sobre ser cristão.

Que tipo de cristão eu estou sendo? 

Faça para si mesmo essa pergunta, ela é uma pergunta importante para te ajudar a entender em que parte da jornada você está. A jornada do cristão pode começar de qualquer lugar, seja com coisas banais e óbvias como ler e aprender alguns versículos bíblicos, pode começar com um convite de algum amigo para ir à igreja ou numa daquelas noites em que você está sozinho em casa e vê algo na TV, pode começar no seio familiar com o exemplo dos pais, ou com alguém que bateu em sua porta para conversar ou lhe entregou um panfleto na rua. 

Não importa como a jornada começa, desde que ela não pare, o caminho de conversão precisa continuar, precisamos trabalhar para avançar para águas mais profundas (Lc 5), é nossa obrigação enquanto cristão combater o bom combate e principalmente guardar a fé (II Tm 4). 

As Sagradas Escrituras já deixam claro como devemos proceder diante de um irmão que não está em comunhão com a Igreja (Mt 18), mas também nos alerta que devemos cuidar da nossa própria vida para não incorrer no erro de querer consertar o pecado do irmão enquanto cultivamos nossos pecados de estimação (Mt 7). Por isso precisamos a cada momento refletir, como eu estou vivendo a minha fé? Que tipo de cristão eu estou sendo? Que tipo de cristão eu devo ser? 

Não devemos nos acomodar em sermos cristãos sem propósito e sem sal (Mt 5), que não busca crescer continuamente na fé, um cristão sem graça que vive na mornidão, igual a sopa morda, sem ser quente o suficiente para exalar o seu aroma e atrair as pessoas para a refeição e sem estar fria o suficiente para ser levada ao fogo e melhorada para ser servida (Ap 3). 

Precisamos ser cristãos sopa quente, que nossa presença exale a Cristo e atraia a todos para junto de Deus, que nossas ações sejam para o próximo um queimar inquietante incapaz de passar despercebido sem que eles tomem alguma atitude. Sim, nem todos gostam de sopa, nem todos gostam de Cristo e claro, nem todos gostam de cristãos. Muitos desejam que sejamos mornos, apáticos e mais preocupados com as relações banais e passageiras, procurando apontar nos outros seus erros, defeitos e incoerências, mas sem estender a mão para ajudar a mudá-las, sem estender a mão para ajudar a melhorar. 

Pensar na fé que você professa antes de escolher um candidato é muito importante, como já disse aqui precisamos observar se o candidato que escolhemos está alinhado a nossa fé, nesse sentido cabe sim a reflexão de como ser cristão e votar nele, até para nos ajudar a refletir sobre a escolha do candidato que apoiamos. Mas não podemos perder de vista o que é mais importante, Cristo. 

Ser cristão é ser seguidor, imitador, servo e amigo de Cristo, não devemos lembrar disso apenas durante eleições, essa deve ser nossa maneira de vida em cada detalhes do que fazemos. Ser um eleitor cristão e refletir sobre isso antes de votar é uma coisa boa, mas precisamos ser mais, precisamos ser profissionais cristãos, precisamos ser pais, filhos, avos, família cristã, precisamos ser vizinhos cristões, precisamos ser amigos cristãos, precisamos ser alunos cristãos, precisamos ser cristãos em tudo que fazemos para sermos capazes de entender o que é ser cristão. 

Não entender a escolha do outro, não entender o apoio que o outro oferece é algo natural, não temos o poder de adivinhar o que o outro pensa, mas temos o poder de conversar com o outro para entendê-lo, se você já se viu pensando no porquê daquele cristão apoiar aqueles candidato. Pare e pense sobre si mesmo, depois de entender que cristão você está sendo, chegou a hora de ir ao encontro do outro e entender que tipo de cristão ele está sendo. Confie em mim, ambos precisam mudar muito para ser o tipo de cristão que não descaracteriza a Cristo. Todos precisamos. 

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia. 

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