Conforme João Paulo II, o amor divino (ágape) é a “linguagem” nativa do corpo. Sim, o corpo “fala”. Ele deve proclamar o amor de Deus e da Igreja. E ele o faz, como candidamente se expressa o Papa, “através de gestos e reações, através do dinamismo todo ( … ) da tensão e do prazer, cuja fonte direta é o corpo em sua masculinidade e feminilidade, o corpo em sua ação e interação – e é por meio de tudo isto que ( … ) a pessoa ‘fala’ ( … ). Justamente ao nível desta ‘linguagem do corpo’ ( … ) homem e mulher se expressam, reciprocamente, da maneira mais íntima e mais profunda possível para eles” (22.08.1984). 

Se o “amor carnal” – corpóreo, sexual – deve expressar “a linguagem do ‘ágape’” (01.09.1982), nós precisamos entender devidamente esta linguagem. Veja, o amor de Cristo distingue-se por quatro características. Primeira: Cristo dá livremente seu corpo (“Ninguém me tira a vida, mas eu a dou por própria vontade” Jo 10,18). Segunda: entrega seu corpo totalmente, isto é, sem reservas, condições ou cálculos egoístas (“até o extremo ele os amou” Jo 13,01). Terceira: dá seu corpo fielmente. (“Estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” Mt 28, 20). Quarta: entrega seu corpo frutuosamente (“Eu vim para que tenham vida” Jo 10,10). Se homens e mulheres souberem evitar as armadilhas do falso amor e viver plenamente sua vocação, a união deles deve expressar o mesmo amor – livre, total, fiel e frutuoso que Cristo expressou. 

Outro nome para esse tipo de amor é matrimônio. E isto é precisamente o que uma noiva e um noivo fazem diante do altar. Quando o celebrante pergunta: “Viestes aqui livremente e sem reservas para vos entregardes um ao outro no matrimônio? Prometeis ser fiéis até a morte? Prometeis receber amorosamente os filhos que Deus vos mandar?” Noivo e noiva, cada um, por sua vez, responde: “sim!”

Este mesmo “sim” eles devem expressá-lo com seus corpos, cada vez que se tornam uma só carne. “Realmente – diz o Papa – as palavras: ‘Eu te aceito por minha mulher – meu marido’ só podem realizar-se por meio da união conjugal”. Com ela “realizam o que essas palavras querem expressar” (05.01.1983). É pois na relação sexual que as promessas do matrimônio se fazem carne. É onde o homem e a mulher encarnam o amor divino. É muito bom e bonito ver um casal voltando à igreja para renovar suas promessas matrimoniais, por ocasião de um aniversário especial, mas isto, entretanto, não o dispensa de renovar, com a “linguagem de seus corpos”, os votos do casamento cada vez que se unirem sexualmente.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia.

Fonte: WEST, C. Teologia do corpo para principiantes: uma introdução básica à revolução sexual por João Paulo II. Madrid: Myrian, 2008.

Tendência

Crie um site ou blog no WordPress.com