Uma das mais escandalizantes verdades do cristianismo é que Jesus é filho de Deus. O quê pode soar como nada de novo para os ouvidos daqueles que como eu cresceram católicos, foi motivo de escândalo entres os judeus da época, como relata o evangelho segundo São Marcos, 

“Mas ele calou-se, e nada respondeu. O sumo sacerdote lhe tornou a perguntar, e disse-lhe: És tu o Cristo, Filho do Deus Bendito? E Jesus disse-lhe: Eu o sou, e vereis o Filho do homem assentado à direita do poder de Deus, e vindo sobre as nuvens do céu. E o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que necessitamos de mais testemunhas? Vós ouvistes a blasfêmia; que vos parece? E todos o consideraram culpado de morte.”

(Mc 14, 61 – 64).

A verdade pela qual Jesus foi considerado culpado e condenado a morte é a mesma verdade que faz muitos cristãos se afastarem da fé nos dias de hoje. Não por acaso ainda facilmente encontramos pessoas que questionam a divindade de Jesus, associando a fé de que Jesus é o filho de Deus a crendices e superstições populares, mas para mantermos a fé firme precisamos conhecer no que cremos e entender por que questionam a divindade de Jesus dessa maneira. 

Em primeiro lugar poderíamos pensar, será que Jesus existiu mesmo? Essa seria uma dúvida muito mais válida e muito mais fácil de se questionar, estariam os cristãos com fé em algo imaginário? A final, todas as religiões não vêm criando para eles deuses ao longo da história? A própria bíblia relata isso, 

“Mas vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a este Moisés, o homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.”

(Ex 32, 1).

Primeiro é preciso entender que sim, durante a história muitas vezes foram criados falsos deuses, mas é fato histórico cristão que Jesus de Nazaré, judeu nascido duma filha de Israel, em Belém, no tempo do rei Herodes o Grande e do imperador César Augusto, carpinteiro de profissão, foi morto crucificado em Jerusalém sob o procurador Pôncio Pilatos no reinado do imperador Tibério. 

Fontes históricas das mais variadas e historiadores de todos os credos já comprovaram que esses fatos aconteceram, Jesus não foi apenas uma fabula inventada, ele existiu no nosso tempo enquanto pessoa humana, expressão presente na nossa profissão de fé “verdadeiro homem”. 

Logo, seria perda de tempo para aqueles que pelos mais variados motivos buscam combater a fé em Cristo, tentar argumentar que Jesus é apenas um personagem inventado que nunca existiu, então apegam-se hoje na ideia de que ele existiu, mas não passava de um homem como você e eu. Eles buscam atacar a fé de que Jesus é o Filho eterno de Deus feito homem; que Ele “saiu de Deus” (Jo 13, 3), “desceu do céu” (Jo 3, 13; 6, 33) e “veio na carne”, porque “o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de verdade […] Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos, graça sobre graça” (Jo 1, 14, 16).

Enquanto temos numa frente a artes que insiste em retratar um Jesus meramente humano, em livros, peças teatros, filmes e etc, temos uma segunda frente de batalha que busca nos confundir criando um cenário medieval antigo repleto de crendices imaginarias onde teria sido cultivada essa ideia de que um homem comum seria filho de Deus. 

Diante disso duas coisas precisam ser esclarecidas, a primeira é que a arte, seja ela de qual natureza for, se aproxima muitas vezes da história, retratando costumes da época, comportamentos sociais e até percepção sobre determinados fenômenos, contudo a arte não é o registro concreto de um fato histórico. Por isso tais iniciativas de retratarem um Jesus meramente humano a longo prazo, para os verdadeiros cristãos de fé sólida só demonstrará que muitos em nossa época atual estavam desmerecendo da divindade do Salvador. Por isso aqui deixo um conselho, se você quer realmente entender a grandeza de Cristo, beba da fonte que Ele mesmo nos deixou a Igreja, não busque fora em artes de qualidade duvidosa produzida por pessoas que sequer professam a fé. 

Segunda coisa, sempre que alguém argumentar em cima de pseudos-fatos sobre a idade média, falando de crendices, superstições e outras coisas do tipo, tenha em mente que é preciso observar o fato no tempo, a idade média que todos tanto falam a grosso modo foi um período que se refere a historia da Europa entre os séculos V e XV, inicia-se com a queda do Império Romano ocidental e termina durante a transição para a idade moderna.

Cabe ressaltar que a pessoa humana de Jesus viveu cinco séculos antes disso e para os primeiros cristãos não havia nenhuma dificuldade em acreditar que Jesus era “verdadeiramente Deus” como expressamos em nossa profissão de fé, o desafio da Igreja em seu primeiro século foi catequisar as pessoas de que Jesus também era “verdadeiramente homem”,vide heresias como o docetismo que precisou ser combatido e esclarecido pela Igreja primitiva do século II, apenas em meados do século IV é que heresias com o arianismo surgiram para negar a divindade de Jesus, acredito que não por acaso o período que muitos amam chamar de idade das trevas teve início depois que a divindade de Jesus começou a ser negada por alguns com mais veemência. 

Crê em Jesus Cristo como filho único de Deus é uma atividade em dois passos, o primeiro passo é nosso, a vontade humana que em nosso próprio raciocínio somos capazes de encontrar Jesus feito homem no tempo e na história. O segundo passo jamais poderemos dar sozinhos, o damos movidos pela graça do Espírito Santo e atraídos pelo Pai, é assim que nós cremos e confessamos a respeito de Jesus: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16, 16), assim poderemos a exemplo de São Pedro termos uma fé sólida e verdadeiramente contribuirmos para edificar a Igreja de Cristo. 

Alguns de nós serão grandes santos, outros grandes sacerdotes e religiosos a anunciar a insondável riqueza de uma vida completamente entregue a Cristo, outros não chegarão a tanto, mas a esses outros também não é reservado pouco, pois a fé que carregamos em nossos corações é o impulso indispensável para catequisar o outro e ajudá-lo a seguir o caminho que leva a Cristo, que leva a Salvação. Crê em Jesus Cristo, filho unigênito de Deus é a bússola que nos guia para algo mais.

Percebam Deus nos pequenos detalhes.

Graça, Paz e Misericórdia. 

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